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Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP): o que é e como tratar

publicado em 04 Dez. 2022

A Síndrome do ovário poliquístico (SOP) é um distúrbio endócrino, que afeta entre 5 a 10% das mulheres em idade fértil. É caraterizada por alterações hormonais associadas a condições como hiperandrogenismo (acne, hirsutismo e/ ou excesso de androgénios (hormonas masculinas) no sangue), irregularidades menstruais, ovários poliquísticos, obesidade, insulinorresistência e infertilidade.

 

A SOP surge quando a hipófise, glândula que regula a produção hormonal, estimula em excesso a libertação de androgénios, o que compromete o amadurecimento normal e a libertação dos óvulos produzidos, levando à formação de folículos aglomerados. Este fenómeno pode impedir a formação de óvulos saudáveis e consequentemente alterar ou interromper o ciclo menstrual.

 

O aumento de androgénios é também responsável pelo aparecimento de acne, hirsutismo (excesso de pelo em locais como o lábio superior, queixo, área periareolar, esterno e ao longo da linha alba), queda de cabelo na área de implantação do cabelo e no alto da cabeça e alteração da voz.

 

Aquando da suspeita de SOP, é recomendada a exclusão de outras causas de hiperandrogenismo. As doentes apresentam maior risco de insulinorresistência e desenvolvimento de patologias a esta associadas, como a síndrome metabólica. As doentes com SOP também apresentam múltiplos fatores de risco para carcinoma do endométrio, obesidade e diabetes.

O diagnóstico da doença é realizado através da correlação da presença de sintomas, doseamento hormonal e ecografia ginecológica.

A SOP é uma doença crónica que não tem cura e cujo tratamento deve ser analisado caso a caso, de acordo com os sintomas da doente. Aproximadamente 50% das mulheres com SOP têm excesso de peso. A perda de peso resultante de uma dieta adequada e da prática de exercício físico regular, por diminuição dos níveis de androgénios circulantes, podem melhorar, e até resolver, algumas das consequências da síndrome, como o hirsutismo e a infertilidade por permitir a retomada espontânea das menstruações.

 

O tratamento de primeira linha, em mulheres que não pretendem engravidar, é a pílula combinada – ideal para a regularização dos ciclos menstruais e para controlo dos sintomas resultantes do hiperandrogenismo. Em alternativa e em situações em que a pílula combinada não está recomendada, o tratamento hormonal poderá incluir um progestativo isolado, contudo, estão associados a padrões de hemorragia irregular em 50 a 89% das utilizadoras. Agentes sensibilizadores da insulina podem ser utilizados, como adjuvantes, e estão associados à diminuição dos níveis de androgénios circulantes, melhoria da taxa de ovulação e da tolerância à glicose.

 

Em mulheres que pretendem engravidar e em que a perda de peso e o exercício físico não foram suficientes para restabelecer a função ovárica, poderá ser necessário a utilização de fármacos para a indução da ovulação. Nos casos refratários a estas medidas, o tratamento com gonadotropinas ou tratamento cirúrgico está recomendado.

 

No que diz respeito ao tratamento do hirsutismo e, embora as medidas médicas possam melhorar significativamente esta condição, não se verifica um efeito completamente curativo. Para além da pílula combinada, poderão ser utilizados antiandrógenos, o creme de eflornitina e a remoção mecânica do pelo. A combinação de vários tratamentos resulta ser mais eficaz.

 

É por isso crucial a realização de um diagnóstico preciso que possibilite o estabelecimento das medidas terapêuticas adequadas para minimizar o impacto negativo na saúde e na qualidade de vida destas mulheres.