A motivação não é condição suficiente para os bons resultados escolares, mas é necessária para a mobilização do esforço. As necessidades psicológicas de autonomia, competência e relacionamento/aceitação, quando atendidas, promovem o comportamento motivado.
A autonomia depende da origem da causalidade interna (eu – outros), da vontade (quero ou tenho que) e da perceção quanto às escolhas (opções – ausência de opções).
A competência depende do equilíbrio entre competências e dificuldade da tarefa, da comunicação não ambígua acerca das expetativas do meio e dos resultados desejados e do feedback positivo, que confirme que o nível de competência não é inferior ao desafio da tarefa.
O relacionamento depende do estabelecimento de relações interpessoais emocionalmente positivas, vínculos afetivos, perceção de pertença e apoio na realização de atividades e estabelecimento de objetivos.
Como posso aumentar a motivação do meu filho?
Promovemos a Autonomia através de:
- Evitamento à coerção.
- Trabalho da resistência.
- Exploração de opções.
- Encorajamento da mudança de tarefas.
- Permissão de decisões acerca do que e como mudar.
- Identificação e promoção dos recursos internos – interesses, preferências e competências: “Gostei muito da montagem de fotografias do Natal que fizeste o ano passado…” em vez de “Tens de tirar boas notas a tudo, não és burro nenhum”.
- Utilização de linguagem informativa: “Já reparei que tens tido mais dificuldade em…” ao invés de “Tens de te esforçar mais”.
- Comunicação da importância, do sentido e da utilidade de determinadas ações, sobretudo em tarefas desinteressantes, embora relevantes: “É importante que faças isto porque…” em vez de “Faz porque é mesmo assim, toda a gente faz”.
- Reconhecimento e aceitação do afeto negativo (reações válidas que podem ser utilizadas para resolver o problema ao invés de negar a reação para obtenção de obediência): “Vejo que estás descontente/ desmotivado/aborrecido/enervado com… mas existe esta estratégia que te pode ajudar…” em vez de “Estás chateado?! Não fazes mais que a tua obrigação”.
Promovemos a Competência através de:
- Suporte à autoeficácia.
- Informação clara e neutra acerca do comportamento e suas consequências.
- Ajuda no estabelecimento de objetivos apropriados e realistas.
- Proposta de tarefas com um grau ótimo de desafio – realização de atividades nem muito fáceis nem muito difíceis face às atuais capacidades do filho. O feedback positivo produz mais satisfação nestas condições.
- Feedback positivo – tarefa, comparação da realização atual com realizações anteriores, comparação social, avaliação de outros: “Muito bem, tens melhorado e na verdade estás melhor do que no período passado” ao invés de “Podias ter conseguido melhor”.
Promovemos o Relacionamento/Aceitação através de:
- Expressão de empatia, exploração das preocupações, demonstração de compreensão da perspetiva da pessoa, evitamento de julgamentos e de indução de culpa.
- Estabelecimento de relações sociais – cuidar, gostar, aceitar, valorizar, intimidade (não a quantidade, mas a qualidade das relações): os pais valorizarem os esforços dos filhos, ainda que não tenham atingido os objetivos. Proximidade afetiva e positiva entre pais e filhos. Os filhos perceberam que o amor dos pais é incondicional e não depende do aproveitamento escolar.
- Estabelecimento de relações de comunidade versus de troca – diferentes regras implícitas relacionadas com dar e receber valores sociais ou, pelo contrário, tangíveis/materiais: Ex.: voluntariado, escuteiros.
- Adoção de atitudes e valores sociais e culturalmente aceites como seus: Ex.: atitude e crenças face à discriminação sexual/entre géneros.
Dicas no caso do seu filho não se interessar pelas tarefas escolares:
- Tente perceber donde vem a desmotivação,
- Com o acordo do seu filho, elabore estratégias junto do professor.
- Se o problema persistir, consulte um especialista.
Evite:
- Impor aprendizagens demasiado precoces ou difíceis.
- Subestimar a capacidade de autonomia do seu filho.