Imagine tentar abrir a mão de manhã e sentir um dos dedos preso, como se algo dentro não funcionasse como antes.
Após algum esforço, ele destrava com um estalido súbito. Este é um dos sinais mais típicos do que conhecemos como dedo em mola, uma condição que, embora comum, continua subdiagnosticada e frequentemente ignorada até causar limitações reais nas atividades do dia a dia.
O que é o Dedo em Mola?
O dedo em mola (ou tenossinovite estenosante) é uma patologia que afeta o aparelho flexor dos dedos, em particular a passagem dos tendões através de uma estrutura chamada polia A1, localizada na base do dedo, junto à palma da mão.
Com o tempo, esta polia pode tornar-se espessada e rígida, dificultando o deslizamento normal do tendão.
O resultado? O dedo pode travar numa posição dobrada e só voltar à extensão com um “clique” ou estalido, muitas vezes acompanhado de dor – como se estivesse a funcionar com uma mola defeituosa.
Quem é mais afetado em Portugal?
O dedo em mola é uma das causas mais frequentes de dor e limitação funcional na mão, especialmente entre:
- Adultos entre os 40 e os 60 anos
- Mulheres – são afetadas cerca de duas a seis vezes mais do que os homens
- Pessoas com profissões manuais ou que realizam movimentos repetitivos com as mãos (costureiras, agricultores, operários, músicos, entre outros)
- Indivíduos com doenças sistémicas, como diabetes mellitus ou artrite reumatóide – nestes casos, a incidência é significativamente superior
Em Portugal, é particularmente comum observar esta patologia em doentes que desempenham tarefas agrícolas, industriais ou domésticas de forma intensiva, muitas vezes sem ergonomia adequada.
O que acontece dentro da mão?
Para que os nossos dedos se dobrem e estendam com precisão, os tendões flexores deslizam dentro de um “túnel” formado pelas bainhas e polias tendíneas. A polia A1, localizada na base do dedo, é uma dessas estruturas cruciais.
Com o tempo, e por motivos ainda não totalmente esclarecidos, esta polia pode tornar-se espessa e menos flexível. Isso cria um estreitamento do canal por onde passa o tendão.
Quando o tendão inflamado tenta passar por esse ponto de resistência, ele fica preso momentaneamente e, ao conseguir ultrapassá-lo, gera o estalo característico, semelhante ao funcionamento de uma mola que prende e depois solta bruscamente.
Sintomas: como saber se pode estar com Dedo em Mola?
Os sintomas típicos incluem:
- Sensação de travamento ou bloqueio ao dobrar ou estender o dedo
- Estalido doloroso na base do dedo ou palma da mão
- Dor localizada ao pressionar a base do dedo
- Rigidez matinal ou após períodos de inatividade
- Em fases avançadas, o dedo pode ficar permanentemente dobrado
É importante destacar que o problema não melhora espontaneamente na maioria dos casos e pode evoluir para limitações permanentes se não for tratado de forma adequada.
Quando procurar um especialista?
Se notar algum destes sintomas, sobretudo se forem persistentes ou se agravarem com o tempo, é fundamental procurar um médico ortopedista especializado em cirurgia da mão e do punho.
O diagnóstico é clínico, rápido e eficaz, e o tratamento varia desde medidas conservadoras até à cirurgia minimamente invasiva, com elevada taxa de sucesso e rápida recuperação.
Em Portugal, o acesso precoce a um profissional com experiência específica em patologias da mão pode evitar complicações, encurtar o tempo de tratamento e melhorar significativamente a qualidade de vida.