A sexualidade faz parte da saúde global e do bem-estar da mulher. Inclui não só a atividade sexual, mas também a intimidade, o prazer, o desejo, a vivência do corpo e das relações.
A sexualidade e intimidade femininas podem ser influenciadas pelas transformações físicas, hormonais, emocionais e sociais que ocorrem em cada fase da vida (adolescência, idade adulta, gravidez, pós-parto, menopausa e envelhecimento).
Quais as causas de alterações na sexualidade feminina?
Uma disfunção sexual é uma alteração persistente ou recorrente em qualquer fase da resposta sexual, que causa sofrimento significativo à pessoa ou dificuldades no relacionamento.
Pode ter várias origens, muitas vezes combinadas:
- Biológicas: alterações hormonais, doenças crónicas, dor pélvica ou efeitos de alguns medicamentos.
- Psicológicas: ansiedade, depressão, stress, baixa autoestima, experiências traumáticas ou problemas de imagem corporal.
- Relacionais e sociais: dificuldades conjugais, pressões culturais, preconceitos em relação ao prazer feminino.
- Estilo de vida: sedentarismo, alimentação precária, consumo excessivo de álcool/drogas e má qualidade do sono.
Quais os sintomas mais comuns de disfunções sexuais na mulher?
Os sinais podem variar de acordo com a fase da vida e incluem:
- Desejo sexual hipoativo: diminuição ou ausência do interesse na atividade sexual.
- Dificuldades de excitação: dificuldade na lubrificação ou em atingir prazer.
- Anorgasmia: dificuldade/incapacidade de atingir o orgasmo.
- Dor durante as relações (dispareunia ou vaginismo): comum em situações de secura vaginal, menopausa ou após partos.
Como é feito o diagnóstico na consulta de Medicina Geral e Familiar?
O diagnóstico baseia-se, sobretudo, na escuta atenta e livre de julgamentos do médico durante a consulta. É importante que a mulher se sinta à vontade para falar abertamente sobre a sua vida sexual e questionar o que a inquieta.
O médico de família explora a história clínica, podendo perguntar acerca de sintomas físicos, contexto emocional/relacional, histórico de doenças e uso de medicamentos. Se necessário, são realizados exames ginecológicos ou análises, e pode ser sugerida a articulação com ginecologia ou psicologia.
A vantagem da consulta de medicina geral e familiar é a proximidade: o médico conhece o percurso da mulher e até a sua dinâmica familiar, estando numa posição privilegiada para compreender o impacto das queixas e oferecer acompanhamento contínuo.
Quais as opções de tratamento?
O tratamento depende da causa e pode incluir:
- Medidas médicas: tratamento de doenças associadas, ajuste de medicação, terapêutica hormonal.
- Intervenções psicológicas: terapia sexual ou cognitivo comportamental para lidar com ansiedade, bloqueios ou traumas.
- Estratégias de casal: promover a comunicação aberta entre parceiros, incentivar o redescobrir da intimidade sem pressões e sem preconceitos.
- Mudanças no estilo de vida: exercício físico, alimentação equilibrada, evitar álcool e tabaco e melhorar a higiene do sono.
É possível prevenir as disfunções sexuais?
Embora nem sempre seja possível evitar, algumas medidas ajudam a manter uma vida sexual saudável:
- Valorizar a saúde física e mental em todas as fases da vida. Investir no autocuidado: exercício, alimentação saudável, gestão do stress e respeito pelo próprio corpo.
- Manter diálogo aberto com o(s) parceiro(s).
- Não negligenciar consultas de rotina com o médico de família e ginecologista.
- Procurar apoio precoce sempre que surjam preocupações do foro sexual.
Em suma, as disfunções sexuais podem afetar o bem-estar da mulher, a autoestima e os seus relacionamentos, pelo que é importante procurar ajuda e não ter pudor em abordar esta temática em consulta.
Pela proximidade em todas as fases da vida, o médico de família pode ser um bom aliado no esclarecimento de dúvidas, acompanhamento do processo de diagnóstico e tratamento dessas patologias, sendo também o elo de ligação com outros especialistas quando necessário.