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Do Ácido Úrico à Gota

publicado em 12 Out. 2025

O que é o ácido úrico?

O ácido úrico é uma substância produzida naturalmente pelo nosso corpo quando degradamos certos compostos (chamadas purinas), presentes em muitos alimentos e também formados pelo próprio organismo.

 

Normalmente, o ácido úrico é eliminado pelos rins através da urina. Quando há excesso de produção ou dificuldade em eliminar, os níveis no sangue aumentam, originando uma condição chamada de hiperuricemia.

Quais são as causas do aumento do ácido úrico?

 As principais causas incluem:

 

  • Alimentação rica em carnes vermelhas, mariscos, bebidas alcoólicas (especialmente cerveja) e refrigerantes açucarados.
  • Excesso de peso ou obesidade, que aumentam a produção de ácido úrico e dificultam a sua eliminação.
  • Doenças associadas, como por exemplo a insuficiência renal, a hipertensão arterial e a diabetes.
  • Alguns medicamentos podem aumentar o ácido úrico no sangue porque reduzem a sua eliminação renal.
  • Fatores genéticos, que tornam algumas pessoas mais predispostas.

Quais são os sintomas da hiperuricemia?

Muitas vezes, o excesso de ácido úrico não dá sintomas.

 

Contudo, quando atinge níveis elevados, pode provocar:

 

  • Gota: dor súbita e intensa (surge geralmente durante a noite), acompanhada de inchaço, calor e vermelhidão numa articulação (geralmente no dedo grande do pé, tornozelo ou joelho), chamada de artrite.
  • Cálculos renais (pedras nos rins): causam dor lombar intensa, sangue na urina e desconforto ao urinar.
  • Deposição de cristais sob a pele (tofos) e destruição progressiva das articulações, em casos crónicos e não tratados.

Como se faz o diagnóstico?

Os níveis elevados de ácido úrico podem detectar-se através de análises ao sangue (no entanto, durante uma crise os valores podem estar normais). Tendo o conhecimento desta elevação e se apresentar uma clínica típica de artrite aguda, o médico de família pode presumir que o doente sofre de gota.

 

O diagnóstico definitivo faz-se através da análise do líquido sinovial (fluído que se encontra dentro das articulações), mas nem sempre é possível fazer esse exame. Por vezes, pode também pedir-se exames de imagem (como raio-x e ecografia), sobretudo quando há suspeita de complicações articulares, renais ou teciduais, ou dúvidas no diagnóstico.

Qual é o tratamento disponível?

O tratamento depende da situação clínica:

 

  • Aumento do ácido úrico sem sintomas: não se trata na maioria dos casos. Recomenda-se mudanças no estilo de vida (perder peso, adotar uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de álcool e refrigerantes açucarados e beber bastante água) e o tratamento das doenças associadas (hipertensão, diabetes, insuficiência renal).
  • Crise aguda de gota: o objetivo é aliviar a dor e a inflamação. Para isso, o médico irá prescrever anti-inflamatórios, colchicina ou corticosteróides orais. Adicionalmente, o doente deverá realizar repouso da articulação e colocar gelo.
  • Se o doente tiver várias crises de gota por ano, presença de tofos visíveis, pedras de ácido úrico nos rins ou doença renal crónica, tem indicação para iniciar fármacos que controlam os níveis de ácido úrico e previnem crises.

Como prevenir o aumento do Ácido Úrico?

 Algumas medidas ajudam a manter níveis saudáveis:

 

  • Alimentação equilibrada: privilegiar frutas, legumes, cereais integrais, laticínios magros e carne branca em quantidades moderadas.
  • Evitar excessos: reduzir carne vermelha, vísceras, marisco, bebidas alcoólicas e refrigerantes açucarados.
  • Hidratação adequada: beber pelo menos 1,5 a 2 litros de água por dia.
  • Estilo de vida saudável: manter peso adequado, praticar exercício físico regular e evitar tabaco.
  • Controlo médico regular: análises de rotina ajudam a detectar precocemente alterações do ácido úrico.

O médico de família desempenha um papel essencial na gestão do doente com ácido úrico elevado, promovendo diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e estratégias de prevenção para evitar complicações a longo prazo.