O que é o Cancro Gastrointestinal?
O termo Cancro Gastrointestinal refere-se a um conjunto de tumores malignos que afetam o trato digestivo, incluindo esófago, estômago, intestino delgado, cólon e reto. Entre os mais frequentes encontram-se o cancro do cólon (colorretal) e o cancro do estômago (gástrico), que figuram entre as principais causas de morte por cancro a nível mundial.
A elevada prevalência e mortalidade destas doenças relaciona-se sobretudo com o diagnóstico tardio, o que reforça a necessidade de rastreio precoce através de métodos eficazes, como a endoscopia.
Principais causas e fatores de risco
O desenvolvimento do cancro gastrointestinal resulta de uma interação entre fatores genéticos e ambientais.
Entre os principais fatores de risco destacam-se:
- História familiar de cancro gastrointestinal.
- Idade (maior incidência a partir dos 50 anos).
- Dieta pobre em fibras e rica em gorduras e alimentos processados.
- Consumo de álcool e tabaco.
- Obesidade e sedentarismo.
- Infeção por Helicobacter pylori (associada ao cancro gástrico).
- Doenças inflamatórias intestinais (como colite ulcerosa e doença de Crohn).
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as hipóteses de cura. Os exames de endoscopia têm um papel central nesse processo:
- Endoscopia digestiva alta: permite avaliar esófago, estômago e duodeno, identificando lesões suspeitas de cancro gástrico. Além disso, possibilita a colheita de biópsias para análise histológica.
- Colonoscopia: é o exame de referência para rastreio do cancro do cólon e reto, pois possibilita a deteção e remoção de pólipos , que são lesões precursoras da doença.
- Outros métodos complementares: incluem exames de imagem (TC, RMN), análises laboratoriais (incluindo marcadores tumorais) e testes não invasivos, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes.
Tratamento
O tratamento do cancro gastrointestinal depende do tipo, localização e estágio da doença.
As principais modalidades incluem:
- Cirurgia: método curativo em fases iniciais, com remoção parcial ou total do segmento afetado
- Quimioterapia: indicada em fases mais avançadas ou como complemento à cirurgia
- Radioterapia: frequentemente utilizada no cancro do reto
- Terapias endoscópicas: em casos selecionados, pequenas lesões malignas ou pré-malignas podem ser removidas durante o exame, evitando cirurgias maiores
- Terapias alvo e imunoterapia: novas estratégias que atuam de forma mais específica sobre células tumorais, oferecendo melhores resultados em determinados casos
Importância da endoscopia no rastreio e prevenção
- No cancro gástrico, a endoscopia digestiva alta possibilita a deteção de lesões precoces, aumentando as taxas de cura.
- No cancro do cólon, a colonoscopia é considerada o exame principal do rastreio, por permitir não apenas diagnosticar, mas também prevenir a doença através da remoção de pólipos.
O cancro gastrointestinal representa um grave problema de saúde pública, mas a sua evolução pode ser significativamente alterada com diagnóstico precoce e rastreio adequado.
A Endoscopia Digestiva, tanto alta quanto baixa é uma ferramenta indispensável, permitindo identificar lesões em estádios iniciais, remover pólipos e orientar o tratamento de forma eficaz.
A adesão da população às recomendações médicas de rastreio é essencial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos doentes.
Bibliografia
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