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Terapêutica Focal no Cancro da Próstata

publicado em 21 Set. 2016

O cancro do próstata é o quinto mais frequente no mundo e o segundo mais frequente no homem. Nas últimas décadas tem-se assistido a uma sustentada evolução do conhecimento sobre esta patologia, ao que se associa um diagnóstico cada vez mais precoce, frequentemente por volta dos 50 anos de idade. Esta realidade acarreta múltiplas implicações nomeadamente quanto á decisão terapêutica e suas consequências. Este ponto assume ainda maior importância, quando estudos científicos sobre cancro da próstata, demonstram que em homens com cancro de baixo risco o tempo de vida é o mesmo quando comparamos o tratamento cirúrgico com a vigilância.

 

A este progresso não tem correspondido uma evolução no tratamento do cancro da próstata com intuito curativo, que mantém os mesmos  princípios desde há vários anos, ou seja, tratar a totalidade da próstata (através de cirurgia ou radioterapia), independente da dimensão e agressividade da doença. Acresce a este facto que estas terapêuticas estão associados a taxas elevadas de efeitos laterais – disfunção eréctil; incontinência urinária, toxicidade retal. É neste ponto que surgem as terapêuticas focais  –  tratamentos dirigidos à lesão indéx – a lesão que está associada ao desenvolvimento da doença prostática, e não a totalidade da próstata, que sem pôr em causa a eficácia, preservam a estrutura glandular e as estruturas vasculo-nervosas contiguas à próstata, diminuindo de forma clara os efeitos laterais e assim preservando a qualidade de vida dos doentes. Este tipo de tratamento é utilizado com evidente sucesso noutras neoplasias, como por exemplo no cancro da mama ou do rim.

 

Na terapêutica focal podem ser utilizadas diferentes técnicas, tais como a crioterapia, o HIFU, a terapêutica fotodinâmica, a braquiterapia e a eletroporação irreversível.
A questão que se coloca é se todos os doentes com doença localizada são candidatos a estas terapêuticas?
A resposta é simples – apenas alguns doentes podem ser elegíveis para estes tratamentos.

 

A criteriosa seleção dos doentes assume importância fundamental para o sucesso destes tratamentos, quer do ponto de vista oncológico quer do ponto de vista funcional ou seja de preservação da função eréctil e continência. Um aconselhamento fundamentado na informação da ressonância magnética multiparamétrica associada á realização de biópsias de fusão/mapeamento – técnica que aplica a fusão das imagens de ressonância com o software de biopsia, e que permitem a localização dos focos de doença e sua caracterização – é  ponto fundamental.

 

Atualmente estamos a dar um passo em frente no  tratamento do cancro da próstata. Temos as condições para assegurar um tratamento para o cancro da próstata que não seja orientado pela doença por si só, mas integrando a doença no doente. Neste contexto as terapêuticas focais para o cancro da próstata são uma realidade.