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Auscultadores ou earbuds: qual é o pior modelo para ouvir música?

publicado em 25 Out. 2024

No carro, em casa, no trabalho, para relaxar ou entre amigos. Estes são os principais momentos em que 46 mil pessoas, de 26 países, costumam ouvir música, segundo o relatório “Engaging with Music”, da International Federation of the Phonographic Industry.

 

Destas, 71 por cento afirmam que as melodias que ouvem desempenham um papel importante na sua saúde mental. Se é verdade que as canções podem ajudar a relaxar ou a combater o stresse, o aparelho que usa para as escutar e o nível a que o faz podem ser problemáticos.

 

O volume é avaliado em decibéis, uma unidade de medida de intensidade sonora, sendo que uma conversa normal entre duas pessoas equivale a 60 decibéis, o ruído de um aspirador a 70 e um concerto de música rock a 110. Se já deu por si a conseguir ouvir a música de quem está ao seu lado, ainda que essa pessoa esteja com auscultadores, esse pode ser um dos sinais de alarme.

Qual o volume seguro recomendado e as consequências de ultrapassá-lo?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um volume seguro de 80 decibéis, mas alguns dispositivos conseguem emitir até 110, o que é mesmo muito elevado e vai provocar um trauma acústico porque o nosso ouvido interno, que tem células muito sensíveis, vai transformar o estímulo da onda sonora em estímulo elétrico.

 

Se esse estímulo for demasiado elevado, quer em termos de intensidade de volume ou de duração no tempo, estas células vão ser lesadas e, quando isso acontece, não se regeneram. Isso pode levar à sensação de zumbido que, por vezes, sentimos quando saímos de um concerto. É um trauma acústico, ainda que temporário, pois neste caso as células ainda conseguem limpar o excesso de informação.

 

Só que, a longo prazo, pode provocar lesões e, mais tarde, por volta dos 50 anos, ficar com um zumbido persistente que veio de uma exposição repetida a volumes demasiado elevados numa idade mais jovem.

Auscultadores, intra-auriculares ou earbuds?

Se a escolha pode depender do gosto pessoal, quando o assunto é a saúde auditiva, deve optar pelo modelo que tapa a orelha externamente e não os que se introduzem no interior do ouvido, como o caso dos intra-auriculares ou dos earbuds, sendo que estes últimos dispensam qualquer tipo de cabo por funcionarem via Bluetooth (sem fios).

 

Nos auscultadores, a onda sonora está mais longe da cóclea (o ouvido interno), enquanto no caso dos intra-auriculares ou earbuds, a emissão do som está mais perto, sendo que a distância é menor para a mesma intensidade do som. Quanto maior for a distância da cóclea, menor será o efeito nocivo que as ondas sonoras podem ter. 

 

O ideal é que não se utilizem os equipamentos a uma intensidade de som que corresponda a 60 por cento do volume máximo do equipamento. 

Com ou sem cancelamento de ruído?

Atualmente, existem cada vez mais modelos com cancelamento de ruído e, embora sejam mais dispendiosos, são um bom investimento no que toca à saúde auditiva. Se optar por pagar um pouco mais por esta função, esse pode ser o segredo para ouvir música num volume seguro, mas durante mais tempo sem prejudicar a audição.

 

Se tivermos auscultadores mal-adaptados, que deixem entrar muito ruído ambiente ou com má qualidade, temos tendência a aumentar o volume para melhorar a qualidade sonora. Com auscultadores de boa qualidade, que reduzam o ruído ambiente, vamos ter uma boa qualidade musical, com um volume mais seguro.

 

Quanto mais ouvirmos música com auscultadores num volume controlado, mais tempo podemos ouvir. Por exemplo, 100 decibéis só é seguro ouvir durante cinco minutos. Acima disso, o som já vai provocar lesões. 

Tudo somado, mais importante que o modelo escolhido, é a forma como é utilizado. É fundamental praticar hábitos saudáveis de audição, como fazer pausas regulares, manter o volume em níveis adequados e não ouvir música por longos períodos ininterruptos.

 

Entrevista in Revista NIT (14/10/2024)