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Mas e a saúde mental dos cuidadores informais?

publicado em 13 Mai. 2021

O envelhecimento arrebatador da população atual é transversal a todas as famílias, expondo a vulnerabilidade da pessoa idosa dependente à incapacidade física e mental dos seus familiares que se disponibilizam, irremediavelmente, a prestar cuidados.

 

O cuidador informal é a pessoa (familiar ou não) que assume, por escolha ou obrigação, como responsabilidade o apoio e assistência a uma outra pessoa que, por razões diferenciadas, apresenta uma incapacidade ou dependência, de grau variável, que não lhe permite cumprir, sem ajuda de outros, todos os atos diários necessários à sua existência enquanto ser humano. São pessoas que desempenham esta função numa base informal, sem formação profissional prévia ou qualquer vínculo contratual e sem qualquer tipo de remuneração.

 

Na realidade, segundo o Instituto Nacional de Estatística, cerca de 1,4 milhões de portugueses são cuidadores informais, tendo deixado o emprego para cuidar de idosos, crianças ou incapacitados. Perante a inevitabilidade da vulnerabilidade dos idosos tornados dependentes, é praticamente imprescindível que a família surja na primeira linha dos cuidados informais, prestando cuidados, diretos ou indiretos, de apoio e supervisão de cuidados.

 

Muitas vezes, os cuidadores assumem o seu papel sem preparação, conhecimento ou suporte adequado para o desempenho desta nova função, o que implica prejuízos para a sua qualidade de vida e para a qualidade do cuidado dispensado. Ao desempenhar funções relacionadas ao bem-estar físico e psicossocial do idoso, o cuidador passa a sofrer restrições em relação à própria vida, e isso contribui para o aparecimento de sobrecarga e outros efeitos danosos na sua vida.

 

Impactos frequentes podem ocorrer nas relações familiares e sociais, no desempenho profissional, financeiro, na saúde física e mental, podendo desencadear sintomatologia psicopatológica ansiosa e depressiva. Neste contexto, sintomas como cansaço extremo, fadiga geral, dores de costas, esgotamento físico e mental, pessimismo, perda de entusiasmo e de alegria, irritabilidade e perturbações do sono são também manifestações proferidas por cuidadores. É também frequente a perda de interesse pelo trabalho ou atividades de lazer, bem como falta de tempo para cuidar de si.

 

É imperativo que se implementem medidas de apoio reais aos cuidadores e, desta forma, na consulta de psicologia estamos disponíveis e capazes de facultar ferramentas psicológicas adequadas às dificuldades dos cuidadores, para mais bem gerir o impacto psicológico nos mesmos, agindo em conformidade com as necessidades sentidas e apoiando-os nas suas funções e minimizando os efeitos que o cuidar tem no seu dia a dia.