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A primeira consulta de medicina dentária da criança

publicado em 19 Set. 2020

A primeira consulta de medicina dentária da criança deve realizar-se na altura da erupção do primeiro dente decíduo (ou “de leite”) que costuma aparecer em boca por volta dos 6 meses de idade. A cronologia da erupção dentária pode variar ligeiramente e no caso de atraso na erupção do primeiro dente a criança deve ser avaliada no primeiro ano de vida. Começar a fazer um acompanhamento desde cedo permite ao médico conhecer a evolução dentária da criança, atuar preventivamente, tratar lesões ainda em início e promover a criação de hábitos saudáveis a nível alimentar e de higiene oral.

 

Após esta primeira consulta a criança deve ser avaliada de seis em seis meses ou em intervalos mais curtos no caso de se verificar alguma situação que necessite de um controlo mais apertado.

 

Aquando da erupção dos primeiros dentes algumas crianças apresentam um aumento da salivação, as gengivas avermelhadas, ansiedade/agitação e por vezes até perda de apetite. É importante manter uma boa higiene oral, lavando a zona gengival utilizando uma gaze/compressa humedecida, uma dedeira própria ou uma escova macia, duas a três vezes por dia. Existem também geles e mordedores próprios no mercado que podem melhorar o desconforto da criança nesta fase. No caso de aparecimento de vómitos ou febre deve ser marcada consulta com o médico assistente.

 

O biberão deve deixar de ser usado quando a criança completa um ano de idade e a chupeta tem de ser abandonada até aos 3 anos de idade. Tanto o biberão como a chupeta provocam desarmonias no desenvolvimento das arcadas quando usadas para além deste período.

 

Entre os 3 e os 6 anos de idade deve haver uma escovagem supervisionada com uma escova suave e já com dentífrico fluoretado (1000-1500 ppm). A quantidade de dentífrico deve ser o equivalente ao tamanho da unha do 5º dedo da criança. A partir dos 6 anos de idade a escovagem deve ser feita pela criança com um dentífrico fluoretado (1000-1500 ppm) do tamanho de uma pequena ervilha duas vezes por dia. A altura em que a higiene deve ser mais cuidada e, preferencialmente, supervisionada por um adulto é a que se faz antes de deitar à noite.

 

Entre os 5 e os 8 anos e novamente entre os 11 e os 14 anos de idade, dá-se a erupção dos molares e pré-molares definitivos. Logo na altura da sua erupção é importante a marcação de uma consulta para colocação de selantes de fissura. Os selantes diminuem a probabilidade de aparecimento de cáries nas fissuras dentárias, sendo por isso um tratamento preventivo do aparecimento destas lesões. Poderá ser necessária a sua reaplicação, caso de perda parcial ou total, para manter a sua eficácia.

 

A deteção precoce de problemas oclusais (posição dos dentes), problemas esqueléticos (formação e posição óssea) ou problemas dos tecidos moles é também feita a cada consulta.

 

No caso de traumatismos dentários, muito frequentes nestas idades, será de máxima importância consultar com a máxima brevidade o médico dentista, quer os dentes sejam decíduos ou definitivos. Se houver perda/fratura de estruturas dentárias devem levar consigo os dentes perdidos (no caso de avulsão) ou os fragmentos dentários (no caso de fratura) para a consulta pois muitas vezes é viável a sua recolocação. Nestes casos deve evitar-se ao máximo o manuseamento devendo o dente ser colocado em soro, saliva ou leite. Deve aplicar-se gelo de imediato para prevenir edemas e sangramento dos tecidos moles que podem dificultar o tratamento. Quanto menor for o tempo entre o traumatismo e a avaliação e intervenção médica, melhor será o prognóstico e os resultados obtidos.

 

O acompanhamento desde cedo ajuda à criação de uma relação de confiança entre o médico dentista e a criança promovendo a prevenção e uma boa saúde oral durante toda a vida.