A prevenção das lesões desportivas é um dos objetivos principais para os profissionais da saúde relacionados com a área do desporto.
Neste sentido, um dos aspetos mais importantes é uma correta escolha das sapatilhas de treino, que devem perseguir dois objetivos de igual importância: aumentar o nosso rendimento e diminuir os fatores de risco de lesões.
A primeira pergunta que devemos fazer é, qual é a modalidade que vamos praticar?
As sapatilhas têm forma, estrutura e desenho diferentes em função dos movimentos mais repetitivos de cada desporto, da forma dos nossos pés e da superfície onde se vão praticar os treinos.
Existem pés planos, pés cavos (segundo tenham diminuída ou aumentada a arcada plantar); pés pronadores ou supinadores (segundo a carga é maior na parte interna ou externa do pé); pés gregos, quadrados ou egípcios dependendo se o nosso 2º dedo é mais comprido, igual ou mais curto que o dedo grande). Desta forma, terão de se experimentar várias sapatilhas para ver qual se adapta perfeitamente à nossa forma do pé. Hoje existem múltiplas marcas e modelos, e a escolha tem de ser feita com tempo e paciência. Lembrar que nos anos 70 apenas existiam poucos modelos de calçado desportivo, com os quais se tinha que praticar todo o desporto.
Por norma o calçado ideal deve seguir estas pautas:
– Leve. O peso excessivo diminuiria o rendimento e aumentaria o gasto energético, antecipando a fadiga.
– Sola resistente ao desgaste. É fundamentalmente constituída por poliuretano. A duração do calçado desportivo oscila entre 800 e 1500 Km. A parte da sola que mais se deve gastar num pé normal é a traseira e externa. No basquetebol, voleibol, padel,… esta sola tem desenhos circunferenciais na parte mais anterior e interna do pé, para facilitar os movimentos de rotação frequentes nestas disciplinas.
– Confortável. Para não diminuir o nosso rendimento.
– Capacidade de absorção de impactos. Tanto mais importante quanto mais dura seja a superfície de treino. Na corrida o impacto do pé com o chão gera uma força equivalente a 3 vezes o nosso peso. Num salto chega a ser 6 vezes superior. É cada vez mais frequente o fabrico de modelos com “câmara-de-ar” sob o calcanhar, para ajudar a amortecer os impactos.
– Estável. É importante para diminuir o risco de lesões. Por exemplo no basquetebol e voleibol as entorses do tornozelo são lesões comuns. Uma forma de prevenção poderia ser o uso de sapatilhas mais altas que ajudem a estabilizar de alguma forma o tornozelo.
Alguns conselhos práticos da nossa eleição:
– Ter em conta a atividade desportiva que vamos praticar;
– Ir com tempo e calma à loja. Comparar e experimentar vários modelos;
– Sapatilhas nem muito apertadas nem muito grandes. Comprar sempre tendo em conta o pé maior (costumamos ter um pé maior do que o outro). Entre o dedo mais comprido e a ponta do calçado deve sobrar meio centímetro, e estes dedos devem conseguir mexer com liberdade dentro do calçado;
– Experimentar o calçado depois de uma pequena caminhada e de tarde, com as meias que vão ser usadas para os treinos;
– O calçado deve ser confortável desde o início;
– Lembrar que a estética das sapatilhas também é um critério para a sua escolha, mas deve ser menos importante que os anteriores.
Alguns conselhos para o seu uso e cuidado:
– Não competir com calçado desportivo no primeiro dia da sua compra (deve existir uma adaptação progressiva entre o pé e o calçado);
– Arejar bem as sapatilhas depois do seu uso, para evitar o “pé de atleta” e recuperar o sistema amortecedor;
– As sapatilhas de treino não devem ser usadas para andar na rua no dia-a-dia;
– Se usamos palmilhas, devem ser mudadas com frequência (de 6 em 6 meses).