Trata-se do cancro com maior mortalidade em Portugal e também a nível Mundial, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2018, registaram-se em Portugal 4671 óbitos de doentes com Cancro do Pulmão, segundo a OMS.
A evolução da ciência, o conhecimento das características moleculares deste cancro e a interação do tumor com o sistema imune, a inovação da terapêutica e a melhor adaptação às características de cada doente, têm permitido melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida.
A prevenção, nomeadamente, pela evicção tabágica, e o diagnóstico precoce são essenciais. O rastreio, com tomografia torácica, em populações de risco, diminui a mortalidade por Cancro do Pulmão (estudo NELSON e estudo NLST).
Nesta doença há dois grandes grupos: o cancro do pulmão de pequenas células (CPPC) que representa cerca de 15% dos diagnósticos e o cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) correspondendo a 85%. Esta informação é obtida através de uma biópsia. No CPNPC: o tipo histológico, a presença de mutações, a expressão de PD-L1 podem influenciar a decisão terapêutica, sobretudo na doença avançada.
Para decidir o melhor tratamento para cada doente, a equipa multidisciplinar avalia: a situação clínica, os sintomas, o estado geral, outras doenças, o resultado da biópsia, o estádio (extensão da doença) e as preferências do doente.
Para os doentes com CPNPC e doença avançada, a descoberta da presença de mutações, como por exemplo o EGFR (Epidermal growth factor receptor) ou o rearranjo do ALK (Anaplastic lymphoma kinase), permite realizar um tratamento dirigido.
A imunoterapia (IT) veio trazer benefícios na sobrevivência e qualidade de vida mas também efeitos laterais diferentes.
Atualmente, no CPNPC, a IT revelou benefício após realização de quimiorradioterapia na doença localmente avançada, e na doença metastizada, em doentes selecionados em tratamento de 1ª linha ou em tratamentos posteriores. Mais recentemente, a combinação de IT e quimioterapia (QT), em doentes selecionados, revelou melhoria da sobrevivência e do controlo de sintomas (ex.: estudos KEYNOTE-189, KEYNOTE-407 ou IMpower-150). Também a combinação de fármacos de IT tem sido estudada, em doentes com CPNPC e doença avançada (estudo CheckMate 227).
No CPPC, na doença avançada, a IT tem sido uma opção terapêutica em 2.ª linha ou posteriores e, recentemente, a combinação de IT com QT revelou um aumento da sobrevivência, na doença avançada, em 1ª linha (estudo IMpower-133; CASPIAN).
Quando falamos no tratamento do doente com Cancro do Pulmão é importante realçar o papel que os seus familiares, cuidadores e amigos desempenham em todo este processo.
Em resumo, trata-se de uma doença oncológica, com elevada mortalidade, para a qual existem formas de prevenção (nomeadamente a evicção tabágica). A evolução da Medicina com novas tecnologias e opções terapêuticas tem permitido aumentar a qualidade de vida e a sobrevivência.
