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Doença celíaca – intolerância ao glúten

publicado em 16 Mai. 2021

A Doença Celíaca, sprue celíaco ou enteropatia sensível ao glúten, é uma doença crónica autoimune caraterizada por uma hipersensibilidade intestinal ao glúten.

 

Afeta cerca de 0,6 a 1 % da população dos países ocidentais, sendo mais frequente no sexo feminino. Embora possa surgir em qualquer idade, ocorre tipicamente na infância (entre os 8 e os 12 meses) ou na vida adulta (entre os 20 e os 40 anos). Esta doença pode ter uma predisposição genética e pode igualmente estar associada a outras doenças autoimunes (ex: diabetes tipo I, tiroidite autoimune, doença inflamatória intestinal).

 

O glúten é uma mistura de proteínas presente no trigo, centeio, cevada ou aveia. Utilizado na elaboração de farinhas, tem como principais caraterísticas a elasticidade e a viscosidade. É constituído por 2 tipos de proteínas: as prolaminas (como a gliadina do trigo) e as gluteninas. Está presente em vários alimentos: pão, bolachas, biscoitos, massas, gelados, doces, refrigerantes e pode existir em alimentos processados.

 

Nestes doentes, o consumo de glúten leva a reações inflamatórias mediadas pelo sistema imunitário, nos primeiros segmentos do intestino delgado, originando, assim, perturbação na absorção de nutrientes. A eliminação do glúten da dieta permite a regeneração das lesões intestinais e a recuperação do organismo; se houver reintrodução do glúten retomam-se as alterações e a sintomatologia.

 

A grande maioria dos doentes pode não apresentar sintomas. Quando presentes, podem dividir-se em dois grupos: sintomas clássicos (diarreia persistente, distensão e dores abdominais, flatulência, náuseas/vómitos, anorexia, perda de peso ou perturbações do crescimento), mais frequentes nas crianças, ou sintomas atípicos (anemia, osteoporose, défice de vitaminas ou cálcio, alterações cutâneas, neurológicas ou psiquiátricas, perturbações da fertilidade, entre outros), mais frequentes nos adultos.

 

Após observação do doente com estas queixas e rastreio de possíveis alterações analíticas (análises gerais), o diagnóstico deve ser suspeitado quando as serologias (análises ao sangue para detetar anticorpos contra os componentes do glúten) forem positivas; o diagnóstico é posteriormente confirmado pela realização de biopsias por endoscopia, de acordo com indicação clínica. Testes genéticos poderão também ser efetuados. O rastreio pode igualmente ser efetuado a pessoas com outras patologias (ex: diabetes, tiroidite, dermatite, neuropatia) assim como a familiares de 1º grau de doentes celíacos. O início de dieta isenta de glúten deve ser evitado antes de se saber o diagnóstico da doença, podendo mesmo perturbar a validade do mesmo.

 

O tratamento inclui uma dieta equilibrada e sem glúten. A dieta isenta de glúten tem como opções o uso de milho, arroz, painço, farinhas (de arroz, fubá, mandioca ou soja), amido de milho, fécula de batata, etc… Devem, igualmente, ser tratadas as situações clínicas associadas (défices de vitaminas, anemia ou outras).