Skip to main content

Dor cervical e patologias degenerativas da coluna cervical

publicado em 09 Fev. 2020

Duas em cada três pessoas sofrem de dor cervical pelo menos uma vez durante a vida. Embora, frequentemente, esta dor seja de causa muscular ou articular, é importante identificar sinais de alarme que poderão identificar uma patologia séria subjacente, como lesão de uma raiz nervosa ou da espinal medula, neoplasia, infeção ou lesão traumática.

 

Os sinais de alarme incluem alterações neurológicas, dor com agravamento progressivo ou com interferência no sono, febre, perda de peso involuntária, imunossupressão, e antecedentes pessoais de neoplasia, tuberculose, SIDA ou outras infeções. A medicação oral é o tratamento de primeira linha e pode englobar analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, corticóides, antidepressivos e anticonvulsivantes. O repouso no leito também pode ser importante, mas o tempo máximo recomendado é de 48h. Em doentes com dor refratária à medicação oral podem ser oferecidos procedimentos percutâneos minimamente invasivos, como infiltração de corticóides ou de anestésicos e desnervação (rizotomia) por radiofrequência.

 

A radiculopatia cervical corresponde a uma lesão de uma raiz nervosa nesta região e pode ser provocada por uma hérnia discal ou por outras lesões com compressão radicular. Independentemente de existir ou não dor cervical, os sintomas mais frequentes são dor irradiada pelo braço e/ou diminuição da sua força e sensibilidade. Nos casos de dor persistente por mais de 6 semanas ou associada a alterações neurológicas, pode haver benefício com uma cirurgia. Tradicionalmente, existem dois tipos de tratamento cirúrgico de radiculopatia: abordagem pela região anterior do pescoço com remoção do disco intervertebral (discectomia) e fusão das vértebras adjacentes e abordagem pela região posterior do pescoço com libertação da raiz nervosa (foraminotomia).

 

A mielopatia cervical, por sua vez, é provocada por compressão da espinal medula devido a um estreitamento do canal vertebral. A sua causa pode ser congénita ou adquirida, sendo que neste caso resulta de um conjunto de fatores nomeadamente hipertrofia ligamentar, óssea e hérnias discais.

 

A compressão medular pode provocar diminuição da força muscular e/ou da sensibilidade de ambos os membros superiores e inferiores. Nos casos de mielopatia com sintomatologia, alguns procedimentos cirúrgicos possíveis são: remoção pela região posterior do pescoço da lâmina vertebral (laminectomia) com ou sem fusão das vértebras adjacentes, descompressão pela região anterior do pescoço do espaço entre as duas vértebras e fusão das mesmas, remoção pela região anterior do pescoço do corpo vertebral (corporectomia) e fusão das vértebras e remodelação do canal vertebral (laminoplastia) através da região posterior do pescoço.

 

Nos casos com indicação cirúrgica, a escolha da técnica mais adequada é decidida em consulta especializada de patologia da coluna e é individualizada de acordo com as caraterísticas do doente, história clínica, exame neurológico e exames de imagem.