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Dor no peito: será perigosa?

publicado em 19 Jan. 2020

A dor no peito constitui um dos principais motivos de vinda ao Serviço de Urgência. A avaliação médica inicial irá focar-se na identificação e/ou exclusão imediatas das causas potencialmente ameaçadoras da vida e que incluem desde doenças do coração (como o enfarte agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco), da aorta (dissecção aguda da aorta) ou da pleura (pneumotórax hipertensivo).

 

Contudo, existem ainda diversas outras causas de dor no peito, que não se associam a risco de vida, e se designam por comuns; neste grupo estão incluídas: outras doenças cardíacas (miocardite, pericardite), infeções respiratórias (pneumonia), doenças malignas do pulmão, doenças do foro digestivo (refluxo gastro-esofágico), causas músculo-esqueléticas (contraturas musculares, traumatismo de costelas, inflamações de cartilagens ou nervos intercostais), causas psiquiátricas (ex: distúrbio do pânico) ou ainda dor associada a situações raras como o herpes zoster (conhecido por “zona”) da parede torácica ou doenças como lúpus ou sarcoidose.

 

A descrição que o doente faz dos seus sintomas pode ser útil, mas cabe ao médico ser especialmente cauteloso, e não estabelecer um diagnóstico prematuro apenas com base na história, uma vez que existe uma sobreposição significativa entre os sintomas descritos por doentes com causas comuns e aqueles com risco de vida e, pelo facto de as apresentações “atípicas” ocorrerem frequentemente, o que aumenta o risco de desfecho desfavorável.

 

Numa abordagem inicial, o médico deverá averiguar alguns aspetos fundamentais relativamente à dor:
Local (ex: abaixo do esterno, parede torácica, costas, difusa ou localizada)
Forma de instalação (se o início foi súbito ou gradual)
Tipo de dor (se se trata de dor aguda ou tipo moedeira)
Presença de fatores de alívio ou agravamento
Irradiação, se a dor irradia para algum local (por exemplo, para o ombro, mandíbula ou costas)
Tempo de evolução.

 

A presença de sintomas associados como enjoo, vómitos, suores, falta de ar, desmaio, palpitações, febre ou pernas inchadas pode apontar para um diagnóstico específico. Deverá também ser tida em conta a existência de fatores de risco para as doenças mais graves, destacando-se a hipertensão, a diabetes, as doenças oncológicas, gravidez recente, grande traumatismo ou cirurgia, períodos de imobilização prolongados e o tabagismo.

 

O exame físico deverá focar-se nas anomalias dos sinais vitais e nos achados cardíacos/pulmonares de forma a auxiliar o diagnóstico que só poderá ser confirmado por exames auxiliares como: o electrocardiograma (ECG), alguns exames laboratoriais, Rx tórax, Angio-TAC tórax e Ecocardiograma.

 

O ECG deverá ser realizado em todos os doentes que recorram a um Serviço de Urgência com dor no peito de possível causa cardíaca, pois constitui o melhor exame diagnóstico para o enfarte; neste caso também assumem particular importância os biomarcadores cardíacos cujos níveis aumentam em 3 a 6 horas e atingem o pico em cerca de 12 horas; assim, na maioria dos casos, um único doseamento negativo destes biomarcadores não será suficiente para descartar o enfarte. O doseamento de D-Dímeros será solicitado na suspeita de embolia pulmonar, sendo que a sua negatividade permite excluir este diagnóstico. Uma radiografia de tórax deverá ser pedida em todos os doentes com dor no peito que se encontrem instáveis ou com diagnóstico potencialmente fatal; permitirá o diagnóstico no caso de pneumotórax ou pneumonia. O Angio-TAC tórax deverá ser pedido quando se suspeita de disseção da aorta permitindo ainda o diagnóstico de embolia pulmonar.

 

No Trofa Saúde Hospital em Braga Centro, encontra um médico especialista em Medicina Interna na urgência 24 horas por dia, apto a aconselhar, diagnosticar e orientar, desde as situações mais simples às de maior gravidade, dispondo de todos os exames complementares necessários para o correto diagnóstico e orientação do doente com dor no peito.