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Fratura do colo do fémur: a outra pandemia

publicado em 02 Mai. 2022

fratura do colo do fémur, normalmente conhecida por “fratura da anca”, é uma das patologias mais comuns na área da traumatologia/ortopedia que acarreta importante incapacidade funcional, bem como taxas de morbilidade e mortalidade elevadas, de tendência preocupantemente crescente, devido ao previsível aumento da esperança média de vida da população.

 

A idade avançada (> 65 anos) é o principal fator de risco, associado muitas vezes à osteoporose, duplicando a probabilidade de ocorrência da fratura por cada década de vida após os 50 anos.

 

A fratura do colo do fémur resulta geralmente de uma queda da própria altura com trauma da anca afetada, seguido de incapacidade de o doente deambular, referindo dor na virilha e face lateral da coxa, associado à presença do membro afetado em rotação externa (“pé virado para fora”) e mais curto quando comparado com o membro contralateral.

 

A maioria das fraturas é diagnosticada com a realização de um simples raio-X, podendo ser necessário complementar o estudo com TAC ou Ressonância Magnética quando existe um alto índice de suspeita de fratura não revelada no raio-X, ou para caracterização pré-operatória e decisão terapêutica.

 

O tratamento da fratura do colo do fémur é sempre cirúrgico, exceto quando o estado clínico do doente não permite a realização de procedimentos anestésicos/cirúrgicos, apresentando duas opções: osteossíntese do colo/cabeça do fémur (fixação da fratura com parafusos) ou a realização de artroplastia da anca, vulgarmente conhecida por prótese da anca, que poderá ser total ou parcial.

 

A escolha do tratamento cirúrgico depende da idade, estado cognitivo e capacidade funcional prévia do doente, bem como padrão da fratura e presença de artrose da articulação. Reserva-se a primeira opção cirúrgica para doentes mais jovens (< 65 anos), com fraturas sem desvio, e a segunda opção para doentes mais velhos que apresentam fraturas com desvio.

 

Independentemente da opção cirúrgica, esta deverá ser realizada nas primeiras 48 horas após a fratura do colo do fémur, de modo a iniciar o levante do leito o mais precocemente possível, diminuindo assim as complicações e a taxa de mortalidade associadas.