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Instabilidade do Ombro Traumática

publicado em 22 Out. 2018

A instabilidade gleno-umeral (articulação do ombro) anterior traumática é uma das apresentações clínicas mais frequentes e debilitantes a afetar o complexo articular do ombro. Trata-se de uma patologia com uma incidência particular em jovens mas também pode afetar pessoas com mais idade. Sabemos ainda que o sexo masculino é 3 vezes mais afetado que o sexo feminino e aproximadamente 90% das luxações ocorrem no homem jovem e atleta.

 

A hiperlaxidez diferencia-se de instabilidade por ser um estado constitucional do indivíduo sem que esteja associado a sintomas. Em alguns casos a hiperlaxidez pode ser até uma vantagem para determinada atividade desportiva, porém está frequentemente associada a instabilidade após traumatismos minor.

 

A manifestação mais frequente de Instabilidade, em contexto desportivo, é a luxação traumática anterior do ombro. É uma verdadeira urgência ortopédica devido às possíveis complicações neuro-vasculares e articulares associadas. Para além desta apresentação mais dramática e urgente, pode manifestar-se por dor, incapacidade funcional e/ou dificultar a performance desportiva.

 

A complicação mais frequente é a recidiva da luxação após o primeiro episódio de luxação do ombro e pode chegar aos 80%. A probabilidade de recidiva e número de episódios são inversamente proporcionais à idade aquando do primeiro episódio, o que significa que uma luxação do ombro em idade jovem tem um risco muito grande e acrescido de ter novos episódios de luxação.

 

A avaliação complementar com exames de imagem inicia-se com radiografia convencional. A TAC permite a quantificação e o impacto das lesões ósseas associadas na instabilidade gleno-umeral podendo ser necessária para estadiamento terapêutico. A Ressonância Magnética permite a avaliação de lesões miotendinosas, condrais e labrais, assim como localizar as lesões ligamentares inerentes que comprometem a estabilidade articular.

 

O tratamento cirúrgico tem como objetivos a resolução dos episódios de luxação, a melhoria funcional e da performance desportiva mas também a prevenção de artropatia degenerativa associada à instabilidade e aos episódios repetidos de luxação gleno-umeral (IGU). A indicação e opções cirúrgicas para correção da IGU são ainda alvo de debate face ao elevado número de técnicas descritas ao longo do tempo. Os procedimentos melhor descritos, maior taxa de sucesso e maior tempo de acompanhamento na literatura são as técnicas de Bankart (reinserção anatómica das estruturas capsulo-ligamentares) e de Bristow-Latarjet, classicamente realizadas por via aberta. Contudo, atualmente são realizadas também por via artroscópica com igual taxa de sucesso cirúrgico, menor agressividade das estruturas peri-articulares, menos dor associada e melhor recuperação funcional.

 

A instabilidade gleno-umeral é frequente no contexto desportivo tendo um impacto muito importante no desempenho do atleta. O reconhecimento do episódio de luxação é mandatório devido às complicações neuro-vasculares e articulares possíveis. O tratamento cirúrgico é muitas vezes antecipado no atleta com alta demanda funcional por estar associado a menores taxas de recidiva e melhoria da performance desportiva.

 

Procure a nossa equipa de Ortopedistas dedicados à Patologia do Ombro, para estudar que opção de tratamento melhor se adapta ao seu problema.