Das muitas características que nos distinguem dos outros animais, a mão é uma das que nos trouxe mais vantagens a nível de evolução. Assim, percebe-se que qualquer patologia que afete a sua função terá um grande impacto no nosso dia-a-dia.
Entre as patologias que afetam o uso da mão, a doença de Dupuytren é uma das mais incapacitantes. Foi descrita pelo anatomista e grande cirurgião Francês Guillame Dupuytren em 1831, que naquela época se tornou famoso por ter operado Napoleão Bonaparte, não às mãos mas às hemorroidas . Apresenta-se por nódulos ou uma corda na palma da mão, palpável, que pode levar a que alguns dedos fiquem progressivamente dobrados, sem que o doente os consiga esticar, podendo estar, ou não, associada a dor. Muitas vezes chega a ser confundida com um problema de tendões.
Atinge mais frequentemente o 4º e o 5º dedos (anelar e mínimo) e habitualmente progride lentamente ao longo de vários anos, podendo atingir as duas mãos. Por vezes nas fases mais precoces da doença pode levar a confusão com calosidades ou outras patologias nas quais possa existir engrossamento da pele na palma da mão. Sabe-se que não é causada por nenhum traumatismo ou pelo uso exagerado das mãos Numa fase avançada, os pacientes chegam a ter dificuldade em executar tarefas tão simples como lavar a cara, meter a mão no bolso, cumprimentar outras pessoas ou receber trocos…
Habitualmente há história familiar da mesma doença. Está muitas vezes associada a problemas como diabetes, alcoolismo e consumo de tabaco, mas pode acontecer em qualquer pessoa. Afeta mais o sexo masculino que o feminino, sendo mais frequente entre a 5ª e a 7ª década da vida.
Alguns artigos aconselham a fisioterapia ou o uso de talas, no entanto não existem estudos que comprovem a sua utilidade quando utilizadas de forma isolada. Após a cirurgia e em algumas situações poderão ser úteis como complemento da mesma.
O tratamento é cirúrgico e o objetivo é libertar as cordas, no sentido de devolver a maior amplitude possível de movimentos aos dedos. O sucesso do tratamento depende muito da fase em que se faz a cirurgia. Assim, se for feita numa fase mais inicial, obtém-se boa mobilidade. À medida que a doença piora, os resultados também, mas consegue-se, quase sempre, uma melhoria funcional muito significativa.
Apesar do tratamento, a doença pode continuar a evoluir, reaparecendo nos mesmos dedos ou noutros, mas a cirurgia é a única forma de tratamento eficaz, sendo que há várias formas de a fazer, conforme os casos e a fase em que se encontra.