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Novos biomarcadores no diagnóstico precoce de lesão renal na criança

publicado em 12 Nov. 2025

Nas últimas décadas, a incidência da Doença Renal Aguda (DRA) e Crónica (DRC) têm vindo a aumentar e constituem um continuum em evolução, para o qual faltam biomarcadores confiáveis de diagnóstico precoce.

 

Em condições normais, o fluxo sanguíneo renal é de cerca de 5-6 mL/g/min, com uma pressão de 60 a 100 mmHg, necessária para manter a função renal normal. O fluxo sanguíneo renal é influenciado por vários fatores que envolvem processos extra-renais como tónus vascular, processos neuro-hormonais, substâncias vasodilatadores/vasoconstritoras, entre outras.

 

A falha em qualquer um destes mecanismos levará à hipóxia renal, cuja repercussão vai depender da gravidade e da resposta dos mecanismos compensatórios, como dilatação da arteríola aferente e constrição da arteríola eferente que regulam o suprimento de oxigénio necessário em cada momento.

 

Vários mecanismos fisiopatológicos podem contribuir para a lesão renal aguda após uma lesão isquémica ou tóxica. Estes incluem:

  • Alterações na perfusão renal resultantes da perda de auto regulação e aumento da vasoconstrição renal;
  • Disfunção tubular e morte celular por apoptose e necrose;
  • Descamação de células viáveis e mortas contribuindo para a obstrução intratubular;
  • Alterações metabólicas que condicionam alterações no transporte ao nível do equilíbrio túbulo glomerular;
  • Produção local de mediadores inflamatórios que resultam em inflamação intersticial e congestão vascular.

 

Quando ocorre lesão tecidular, através da monitorização de alguns biomarcadores, como exemplo a Lipocalina Associada à Gelatinase de Neutófilos (N-GAL), a Interleucina-18 (IL-18), a Molécula de Lesão Renal-1 (KIM-1) e a N-acetil-β-Glucosaminidase (NAG), é  possível detectar de modo mais precoce lesão renal.

 

A NAG é uma enzima lisossomal encontrada predominantemente nas células epiteliais dos túbulos proximais, e devido ao seu elevado peso molecular, a NAG solúvel plasmática não é filtrada pela barreira glomerular. Portanto, o aumento da atividade desta enzima  na urina sugere lesão das células tubulares e pode servir como marcador urinário específico e indicador precoce de dano ao epitélio tubular renal, ponto de partida para a doença renal aguda e crónica.

 

Assim, a determinação da relação NAG/creatinina na urina pode ser útil, em várias situações que condicionem lesão tubular, pois em conjunto com outros parâmetros, constitui um auxiliar na tomada de decisão (vigilância clínica Vs intervenção cirúrgica) e monitorização da evolução/prognóstico, como acontece, por exemplo, no caso das dilatações do trato urinário.

 

Apesar dos marcadores de função renal já anteriormente conhecidos, como a creatinina sérica e a taxa de filtração glomerular, continuarem a ser importantes e úteis na prática clínica diária, estes marcadores precoces de leão renal são promissores valiosos porque têm demonstrado que conseguem antecipar o declínio da função renal, permitindo uma intervenção mais atempada.

O Trofa Saúde preza pela constante atualização científica para prestar os melhores cuidados aos seus utentes, e incorpora atualmente na sua prática clínica um conjunto de marcadores  fundamentais para uma avaliação precoce e precisa da função renal.

 

Para além dos parâmetros clássicos como a creatinina sérica, disponibiliza testes mais sensíveis e específicos como a cistatina C sérica, a osmolaridade urinária, a relação NAG/creatinina urinária, entre outros biomarcadores glomerulares e tubulares de extrema relevância clínica. Estes permitem não apenas detetar lesão renal numa fase precoce, mas também apoiar a estratificação de risco e a tomada de decisão em situações complexas, contribuindo para uma medicina mais personalizada, segura e baseada na melhor evidência científica disponível.