O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. É associado a várias alterações biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo da vida, contudo é um processo biológico natural e não patológico.
Embora seja considerado um processo normativo, pode evoluir para um quadro demencial, e é precisamente neste quadro clínico que também podemos aplicar a Neuropsicologia.
Esta ciência encarrega-se de estudar o comportamento humano e a sua relação com o funcionamento cerebral. Permite-nos identificar mudanças ou problemas no funcionamento psicológico (cognição, comportamento, emoção) em termos de presença/ausência e severidade. Auxilia a percecionar e compreender as funções cerebrais que se encontram comprometidas ou preservadas num dado doente.
É correto afirmarmos que a Neuropsicologia estuda as alterações emocionais, cognitivas e comportamentais provocadas por lesões encefálicas.
Numa avaliação neuropsicológica, é pedido à pessoa que realize uma bateria de testes que vão permitir analisar uma ou mais funções cognitivas.
Posteriormente, o seu padrão de desempenho nas várias tarefas é comparado com o desempenho médio de um grupo de pessoas sem patologia neurológica, da mesma faixa etária e com o mesmo nível de escolaridade.
A partir dos resultados da avaliação pode ser elaborado um programa de intervenção neuropsicológica, dependendo do resultado da mesma.
Um programa de estimulação cognitiva pode ajudar a desacelerar uma eventual deterioração cognitiva em algumas demências, nomeadamente na Doença de Alzheimer.
A avaliação neuropsicológica serve, em muitos casos, como um meio complementar de diagnóstico, dado ser muito eficaz a detetar perturbações do funcionamento cognitivo.
Neste processo, obviamente, não podemos descurar a família do doente, pois para além de afetar quem dela sofre, tem um impacto devastador na vida das pessoas mais próximas. Começando nomeadamente por a necessidade de reestruturar os papeis familiares de outrora e dedicarem-se a promover uma melhor qualidade de vida à pessoa com demência.
Assim, o papel do neuropsicólogo passa também por dar apoio aos cuidadores de pessoas com demência, escutando as suas preocupações e angústias e fornecendo toda a informação possível e necessária para que estes possam ultrapassar os obstáculos que surgem diariamente em casa.
Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma