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O papel da Neuropsicologia na demência

publicado em 23 Fev. 2024

O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. É associado a várias alterações biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo da vida, contudo é um processo biológico natural e não patológico.

 

Embora seja considerado um processo normativo, pode evoluir para um quadro demencial, e é precisamente neste quadro clínico que também podemos aplicar a Neuropsicologia.

 

Esta ciência encarrega-se de estudar o comportamento humano e a sua relação com o funcionamento cerebral. Permite-nos identificar mudanças ou problemas no funcionamento psicológico (cognição, comportamento, emoção) em termos de presença/ausência e severidade. Auxilia a percecionar e compreender as funções cerebrais que se encontram comprometidas ou preservadas num dado doente.

 

É correto afirmarmos que a Neuropsicologia estuda as alterações emocionais, cognitivas e comportamentais provocadas por lesões encefálicas.

 

Numa avaliação neuropsicológica, é pedido à pessoa que realize uma bateria de testes que vão permitir analisar uma ou mais funções cognitivas.

 

Posteriormente, o seu padrão de desempenho nas várias tarefas é comparado com o desempenho médio de um grupo de pessoas sem patologia neurológica, da mesma faixa etária e com o mesmo nível de escolaridade.

 

A partir dos resultados da avaliação pode ser elaborado um programa de intervenção neuropsicológica, dependendo do resultado da mesma.

 

Um programa de estimulação cognitiva pode ajudar a desacelerar uma eventual deterioração cognitiva em algumas demências, nomeadamente na Doença de Alzheimer.

 

A avaliação neuropsicológica serve, em muitos casos, como um meio complementar de diagnóstico, dado ser muito eficaz a detetar perturbações do funcionamento cognitivo.

 

Neste processo, obviamente, não podemos descurar a família do doente, pois para além de afetar quem dela sofre, tem um impacto devastador na vida das pessoas mais próximas. Começando nomeadamente por a necessidade de reestruturar os papeis familiares de outrora e dedicarem-se a promover uma melhor qualidade de vida à pessoa com demência.

 

Assim, o papel do neuropsicólogo passa também por dar apoio aos cuidadores de pessoas com demência, escutando as suas preocupações e angústias e fornecendo toda a informação possível e necessária para que estes possam ultrapassar os obstáculos que surgem diariamente em casa.

 

Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma

Referências bibliográficas:
Ardila, A. & Ostrosky, F. (2012). Guia para el Diagnóstico Neuropsicológico. Acedido Gil, R. (2002). Neuropsicologia (2ª ed.). Vila Bonfim: Santos Livraria Editora.
Manning, L. (2008). A Neuropsicologia Clínica: Uma abordagem cognitiva. Lisboa: Instituto Piaget.