A dor, em qualquer de suas manifestações, é um mecanismo de defesa, um sinal do corpo de que algo não está bem. Devemos sempre estar atentos a esses sinais, tentando perceber a origem ou causa e nossa capacidade de tratar ou quando pedir ajuda especializada.
O que é a Dor no Ombro?
A dor no ombro, também conhecida como Omalgia ou Síndrome do Ombro Doloroso, é a terceira principal causa de dor musculoesquelética em Portugal e pode ter muitas causas, sendo por vezes difícil identificá-las.
Quais são as principais causas?
As causas podem ser agrupadas de várias formas, por exemplo, traumáticas e não traumáticas, o que parece ser, genericamente, fácil de diferenciar, mas por vezes, não é assim tão simples. Pequenos traumatismos podem não ser considerados devido à sua fraca intensidade, poucos sintomas ou pouca limitação funcional, mas podem ser a origem do problema que nos leva ao médico.
Podemos também diferenciar entre as dores locais, específicas do ombro, e as não locais, que incluem algumas dores cervicais que irradiam para o ombro, doenças reumáticas e doenças gerais ou sistêmicas que afetam outras zonas ou órgãos do corpo.
As causas mais frequentes são:
- Tendinite e Bursite da Coifa dos Rotadores
Estas são as causas mais frequentes de consulta a um Ortopedista especializado em patologias do ombro. Tendinites são processos inflamatórios que afetam os tendões, frequentemente o tendão do músculo supraespinhal, devido a movimentos repetitivos, esforço desportivo ou traumatismo. A bursite é uma inflamação de um saco biológico que reduz o atrito entre os tendões. Pode ter causas semelhantes à tendinite ou estar associada a doenças sistêmicas como a artrite reumatoide ou a gota. Os sintomas mais frequentes são dor e limitação funcional.
- Rutura Parcial ou Total da Coifa dos Rotadores
Esta é uma das causas mais graves de Omalgia e requer atenção especial. Existem dois “picos etários” para esta situação. Nos jovens, a causa é maioritariamente traumática, resultando em dor intensa e limitação funcional. Nos adultos mais velhos, encontramos ruturas degenerativas, com sintomas e limitações funcionais variáveis. Essas situações frequentemente necessitam de intervenção cirúrgica.
- Capsulite Adesiva
Conhecida como Ombro Congelado, é uma das causas mais intensas e incapacitantes de Omalgia. Cerca de metade dos casos têm etiologia idiopática. Pode ser intrínseca ao ombro, devido a tendinopatias, ou extrínseca, relacionada a doenças cervicais, cardiovasculares ou metabólicas como diabetes e hipotireoidismo. Caracteriza-se por dor intensa e rigidez progressiva, podendo durar até 2 anos. É mais comum em mulheres entre 40 e 50 anos com diabetes ou distúrbios da tireoide.
- Instabilidade do Ombro
Comum em jovens com hiperlaxidez ligamentar, como aqueles que conseguem levar o polegar ao pulso. Pode também ocorrer devido a entorses ou distensões do ombro, resultando em ruturas do labrum ou ligamentos glenoumerais. A Omalgia pode variar de inexistente a intensa, e há uma sensação de que o ombro “sai do sítio”, podendo ser necessária intervenção médica.
- Osteoartrose do Ombro
Menos frequente que a osteoartrose da anca e do joelho, mas a sua incidência aumenta com a idade. Pode ser primária, associada ao desgaste, ou secundária, decorrente de doenças inflamatórias como a artrite reumatoide. Os sintomas incluem dor e limitação funcional progressiva. A solução definitiva é geralmente cirúrgica.
Existem ainda outras causas de Omalgia, como lesões específicas das estruturas, síndromes clínicos sistêmicos, tumores e doenças neurológicas. Cabe ao médico assistente diagnosticar, explicar o tratamento específico e orientar o doente.