A medicina em geral e a Oncologia em particular têm tido avanços muito significativos desde os primeiros tratamentos.
A melhoria das técnicas cirúrgicas e os primeiros tratamentos de radioterapia no final do século XIX foram os primeiros passos no progresso do tratamento do cancro.
Em meados do seculo XX, desenvolveram-se os primeiros medicamentos contra o cancro e a partir daí, nunca mais parou a investigação e a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao tratamento dos tumores.
A cirurgia ainda é, na maior parte dos casos, o primeiro tratamento dos tumores.
A técnica cirúrgica evoluiu com a cirurgia endoscópica, laparoscópica e ultimamente com a robótica.
A própria extensão da cirurgia tornou-se menos invasiva e mais eficaz com aquilo a que chamamos cirurgia conservadora (é possível operar um cancro da mama retirando apenas o tumor com um beneficio estético muito importante).
A radioterapia sofreu uma enorme evolução desde as “bombas de cobalto” até aos modernos equipamentos que focam o tratamento apenas no tumor sem atingir os tecidos adjacentes.
Atualmente o tratamento através dos aceleradores lineares é tridimensional, isto é, através de feixes de radiação em 3 direções, vai focar a intensidade no tumor e preservar os órgãos adjacentes; a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), ainda consegue uma concentração maior em determinadas áreas do tumor.
Mais recentemente, a braquiterapia consiste na introdução de fontes radioativas no órgão afetado pelo tumor o que permite uma dose alta de irradiação num curto espaço de tempo.
Sabendo que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso terapêutico, os avanços com as novas técnicas de imagem (a ressonância magnética, o PET e novas técnicas de ecografia) e laboratoriais (os marcadores tumorais e moleculares), permitem diagnosticar um tumor ainda sem expressão clínica.
Também a terapêutica de apoio nomeadamente contra as náuseas e vómitos, controlo da anemia e prevenção das infeções como os estimulantes hematopoiéticos, veio melhorar a qualidade de vida dos doentes.
Hoje, a taxa de mortalidade por cancro da mama ou próstata é menor e, quem não é curado, vive mais e melhor.
Mas o maior avanço está no tratamento médico.
A investigação centrou-se durante muitos anos na procura de um fármaco que fosse capaz de tratar qualquer tipo de cancro, que atuava em diferentes fases do ciclo celular, induzindo a morte das células tumorais, porém, cedo se concluiu que duas pessoas com o mesmo tipo de tumor, respondiam de forma diferente ao mesmo tratamento.
Antigamente os tumores eram classificados de acordo com a sua morfologia e origem (mama, pulmão…); hoje, oncologistas, especialistas de biologia molecular e bioquímicos, trabalham juntos na investigação dos mecanismos que levam as alterações moleculares do cancro para a partir daí descobrir uma substancia que possa interromper o crescimentos dos tumores. Não é de estranhar que tumores do mesmo órgão em duas pessoas diferentes, tenham comportamentos diferentes.
O DNA é o nosso cartão de identificação; dentro da mesma espécie, somos semelhantes (temos nariz, dois braços, duas pernas…) mas há pequenas diferenças no DNA humano que faz com que exista tanta variabilidade entre pessoas que as carateriza e os identifica.
O cancro é uma doença que se origina nos defeitos do DNA das nossas próprias células e por isso não é de estranhar que um tratamento seja eficaz num caso e não resulte noutro.
Os defeitos do DNA chamam-se mutações e estas mutações podem causar crescimento desordenado e acelerado de determinados tipos de células.
As mutações podem ser genéticas isto é, transmitidas de pais a filhos, algumas bem caraterizadas como nos tumores da mama ou próstata ou adquiridas ao longo da vida por diversos agentes agressivos como o tabaco, poluição, produtos tóxicos, irradiação solar ou vírus.
A investigação nas últimas décadas, centra-se em identificar qual a mutação responsável pelo aparecimento do cancro em cada pessoa para assim encontrar o melhor tratamento, dirigido àquela alteração e assim ser mais eficaz com menos efeitos secundários.
O tratamento do cancro tende a ser cada vez mais, dirigido a um alvo bioquímico especifico da célula tumoral, atingindo o seu “ponto fraco” e poupando as células normais.
Quando for possível utilizar o arsenal terapêutico que está em fase avançada de investigação, o tratamento dos tumores terá muito mais sucesso e no futuro o cancro é já visto e tratado como uma doença crónica.