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Osteopatia na amamentação

publicado em 27 Mar. 2024

A amamentação é uma forma natural e benéfica de alimentar os bebés e está associada a numerosos benefícios de saúde, a curto e longo prazo, não só para o bebé como também para a mãe.

 

A amamentação é altamente promovida e incentivada pela sociedade devido aos vastos benefícios a ela associados, daí haver interesse em explorar formas de aumentar a sua prevalência e sucesso. A amamentação pode apresentar diversos obstáculos que impactam a mãe e o bebé e, neste contexto, a Osteopatia emerge como uma ferramenta valiosa para promover uma experiência de amamentação mais saudável e prazerosa.

 

A Osteopatia é uma terapia manual que utiliza uma abordagem holística para restabelecer o equilíbrio do corpo, melhorando a função musculoesquelética e restaurando mobilidade. Dois elementos essenciais dos cuidados de saúde osteopáticos é a avaliação do doente para diagnóstico e um conjunto de técnicas suaves e não invasivas, para o tratamento. Entre os benefícios da osteopatia na amamentação, destacam-se:

 

  1. Melhora da pega: a pega ineficaz é uma das principais causas de desconforto durante a amamentação. Através de técnicas osteopáticas, é possível otimizar a função das articulações e músculos envolvidos na sucção, promover os movimentos mandibulares, o correto posicionamento da língua e a coordenação de sugar, engolir e respirar.
  2. Alívio da dor mamária: as causas mais comuns de dor mamária são devidas ao posicionamento e/ou pega inadequada. Muitas mães experienciam dor mamária associada a disfunção oral do bebé, que podem levar a danos na pele do mamilo, e representar um grande desafio no processo de reparação dos tecidos.
  3. Reduz o abandono precoce da amamentação: razões como má progressão de peso, leite insuficiente, choro e luta do bebé, exaustão materna e a dor mamária são as razões mais comuns que as mães apresentam para largar a amamentação exclusiva antes dos 6 meses. Através da identificação destas razões, a osteopatia pode ajudar as mães com dificuldades, a prolongar o período de amamentação.
  4. Pós-cesariana ou traumas no parto: bebés que nasceram por cesariana ou parto natural instrumentalizado (fórceps, ventosas) podem apresentar desafios específicos na amamentação e que devem ser avaliados por um osteopata.

Pega ineficaz e disfunção orofacial

A pega ineficaz é um fenómeno comum que ocorre quando o bebé não consegue sugar eficientemente o seio da mãe. Isto não só causa desconforto à mãe, como também pode resultar numa ingestão insuficiente de nutrientes pelo bebé. Mesmo que o bebé esteja a mamar, isso não quer dizer que esteja a ser eficaz, e isso pode ser notável no tempo que o
bebé demora a sentir-se satisfeito, a luta e choro contra o seio ou até mesmo o incorreto vedamento dos lábios possibilitando a perda de leite durante a mamada e os sons de clique/estalidos.

 

Além disso, a disfunção orofacial abrange uma variedade de problemas que afetam a boca e a face do bebé. Os bebés amamentados exercitam os seus músculos orofaciais e prepara-os para futuras tarefas como mastigação e fala. A correta ação muscular promove o crescimento de todas as estruturas faciais, o alinhamento dentário e o correto posicionamento da língua.

 

Repercussões futuras quando a disfunção oral não é tratada:

  • Pode contribuir para o desenvolvimento de má oclusão dentária, incluindo problemas como mordida aberta, mordida cruzada e desalinhamento dentário. Estes problemas podem requerer intervenções ortodônticas mais complexas no futuro.
  • A disfunção oral também pode contribuir para distúrbios do sono, como ronco e apneia, devido à obstrução das vias aéreas. Estes distúrbios podem resultar em noites de sono interrompidas com afetação do bem-estar geral.
  • Disfunções orofacias podem influenciar negativamente a postura, levando a problemas musculoesqueléticos que causam dores no pescoço e costas. Embora que a relação entre a função orofacial e a postura corporal é complexa.
  • A disfunção orofacial pode ter como consequência a incapacidade de articular corretamente os sons aquando a fala. O impacto na comunicação da criança pode ser significativo ao ponto de influenciar negativamente o seu desenvolvimento social e académico.

 

A disfunção orofacial na infância vai além dos desafios imediatos na amamentação. A intervenção precoce é crucial para amenizar os impactos negativos da disfunção oral na infância. Durante os primeiros anos de vida, o desenvolvimento da face, boca e crânio é rapidamente progressivo. Qualquer disfunção durante o crescimento pode ter impactos significativos nas habilidades funcionais, pelo que o tratamento precoce não aborda apenas as dificuldades imediatas, mas também oferece uma oportunidade vital de prevenir complicações futuras.