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Parestesias das mãos e síndrome do canal cárpico

publicado em 15 Out. 2020

As parestesias das mãos consistem numa sensação de perda de sensibilidade com dormência ou formigueiro e podem ser acompanhadas por outras alterações, como sensação de picada ou de queimadura. Geralmente ocorrem devido a uma lesão, irritação ou compressão nervosa ao nível do membro superior.

 

As possíveis causas de parestesias das mãos incluem trauma ou uso excessivo (síndrome do canal cárpico, síndrome do canal cubital, lesão do plexo braquial), doenças do sistema nervoso (mielopatia espondilótica cervical, síndrome de Guillain Barre, neuropatia periférica, lesão medular, AVC), doenças crónicas (alcoolismo, amiloidose, diabetes, esclerose múltipla, doença de Raynaud, Síndrome de Sjögren), doenças infeciosas (Lyme, Sífilis), efeitos secundários de medicação (quimioterapia ou antirretrovirais) e outras causas como deficiência de vitamina B12.

 

Uma das causas mais frequentes de parestesias das mãos é a síndrome do canal cárpico, que ocorre devido a uma pressão exercida sobre o nervo mediano na sua passagem no canal do carpo, localizado na face anterior do punho. Afeta cerca de 8% da população, mais frequentemente mulheres de meia-idade, e ocorre habitualmente na mão dominante. Quando o nervo mediano é comprimido, os sintomas têm um início gradual e incluem dormência, formigueiro e fraqueza na mão. Habitualmente, o polegar, indicador, dedo médio e metade do anelar são afetados e o dedo mínimo é poupado. A sensação pode atingir também o pulso e o braço. Geralmente, esses sintomas ocorrem ao segurar um objeto ou podem acordar o paciente durante a noite. Nos casos mais graves pode ocorrer diminuição da força da mão e atrofia muscular essencialmente ao nível do polegar.

 

A maioria não tem uma causa específica, mas em casos raros podem existir lesões ocupantes de espaço no canal do carpo a provocar compressão sobre o nervo mediano.

 

No diagnóstico, a história clínica e o exame objetivo são fundamentais, mas habitualmente são necessários exames eletrofisiológicos, como a eletromiografia. Esta permite não só confirmar o diagnóstico, mas também excluir a compressão do nervo mediano noutro local.

 

Quando o diagnóstico ocorre numa fase inicial, o tratamento pode ser conservador com modificação da postura e posicionamento adequado das mãos durante o trabalho, fisioterapia, anti-inflamatórios e infiltração com corticosteroides.

 

Na presença de sintomas moderados a graves ou refratários ao tratamento conservador, a cirurgia poderá estar indicada. A cirurgia é efetuada através de uma pequena incisão na região anterior do punho e o seu objetivo é diminuir a pressão sobre o nervo mediano, seccionando o ligamento transverso do carpo e permitindo desta forma aumentar o espaço dentro do canal. Uma descompressão cirúrgica adequada alivia o formigueiro e a dormência e restabelece a função do pulso e da mão.