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Pé plano infantil

publicado em 26 Out. 2018

O pé plano define-se como a diminuição ou ausência de arcada plantar interna do pé.

 

Nas crianças, esta situação corresponde a uma fase normal do desenvolvimento do pé e na maioria dos casos, resolve espontaneamente.
A maioria dos pés planos da criança são flexíveis podendo resultar de um certo grau de laxidez ligamentar que é comum neste grupo etário, de tal forma que se considera o pé plano valgo infantil uma variante do normal.
Aos 3 anos de idade o pé plano é frequente; com o passar do tempo a arcada interna irá desenvolver-se em resultado do crescimento ósseo e diminuição da elasticidade ligamentar.

 

É habitual a preocupação dos pais em relação ao aspeto do pé, havendo queixas frequentes de desgaste assimétrico e deformação do calçado.
Podem existir outras queixas como dificuldades na marcha, desequilíbrio, cansaço fácil ou entorses de repetição. Desta forma, é importante distinguir este tipo de pé, benigno, do pé plano rígido e doloroso, causado, por exemplo, por malformações congénitas como barras társicas.

 

Exame clínico

 

É fundamental o exame ortopédico não só do pé, como de toda a criança, avaliando a marcha e não esquecendo o exame neurológico, de forma a excluir patologias mais complexas.
Neste tipo de pés, além da ausência de arcada interna, é habitual observar também um desvio divergente (valgo) dos calcanhares.
Depois de analisar a morfologia do pé, deve avaliar-se a sua função e flexibilidade: olhando os pés por trás e solicitando à criança que se coloque em pontas. Ao realizar esta manobra, num pé funcionalmente normal, há uma varização espontânea dos calcanhares quando estes se elevam e as arcadas plantares definem-se. Outro sinal de normalidade funcional, é realizar a hiperextensão do hállux, com o pé em carga e observar o aparecimento da arcada plantar interna (sinal de Hicks).
A análise da impressão plantar no podoscópio é também importante, pois permite diagnosticar e classificar o tipo de pé plano.

 

Exames complementares de diagnóstico
É habitual solicitar um estudo imagiológico com radiografias de ambos os pés em incidências AP (ântero-posterior) e perfil em carga e incidências oblíquas. Isto permite-nos avaliar a gravidade da situação, em alguns casos indicar uma patologia causal e também acompanhar a sua evolução.

 

Tratamento

 

O tratamento do pé plano permanece controverso. Na maioria dos casos, como se trata de uma condição normal, não necessita de tratamento específico.

 

Existem recomendações universais, como o uso de calçado com contrafortes rígidos no calcanhar e que envolvam o tornozelo; o fortalecimento muscular é também essencial, com exercícios que podem ser feitos em casa, como andar nas pontas dos pés e nos calcanhares, apanhar objetos com os dedos dos pés e andar descalço em terrenos irregulares.

 

As clássicas “botas ortopédicas”, são ineficazes e têm um efeito prejudicial, não só em termos psicológicos, mas principalmente porque impedem o normal desenvolvimento do pé.

 

O uso de palmilhas é também controverso, dado que o seu efeito corretivo nunca foi provado e não parecem ter influência no resultado final.
O tratamento cirúrgico deve ser excecional e proposto apenas em crianças cujo tratamento conservador falhou ou com agravamento da deformidade.

 

Para esclarecimento de qualquer dúvida, não hesite em contactar os nossos Ortopedistas especializados em Ortopedia Infantil, em qualquer uma das unidades do Trofa Saúde Hospital.