Skip to main content

Ressonância Magnética Cardíaca na avaliação do aparelho cardiovascular

publicado em 22 Set. 2023

Nas últimas décadas, assistiu-se ao desenvolvimento de métodos de imagem cada vez mais avançados. A ressonância magnética cardíaca (RMC) tem vindo a ganhar terreno na avaliação do aparelho cardiovascular, sendo muito utilizada no estudo de um grande número de doenças que afetam o miocárdio, pericárdio e grandes vasos.

 

A excelente resolução espacial do método, a ótima definição do endocárdio e epicárdio e a possibilidade de caracterização tecidular são mais-valias ímpares desta técnica, que permite, num único exame, uma avaliação detalhada da anatomia, diferenciação de tecidos, quantificação de volumes e fluxos, deteção de shunts e avaliação da contractilidade ventricular. Por este motivo, a RMC impôs-se como uma importante ferramenta diagnóstica na avaliação de várias doenças cardíacas, incluindo o estudo de massas intra e extracardíacas, cardiomiopatias, cardiopatias congénitas, claro, na cardiopatia isquémica.

 

Para além da sua superior resolução espacial e ausência de radiação ionizante, tem como principal mais-valia a sua capacidade de integração de informação funcional e anatómica num único exame:

  1. Diagnóstico preciso: permite uma avaliação abrangente e precisa da anatomia cardíaca, possibilitando a identificação e caracterização das mais variadas patologias cardíacas, das mais simples às mais complexas. É particularmente útil no diagnóstico diferencial entre diferentes cardiopatias, tirando partido a sua elevada resolução espacial e resolução de contraste.
  2. Avaliação funcional: oferece uma avaliação detalhada da função cardíaca, incluindo parâmetros como volume sistólico, fração de ejeção, fluxo sanguíneo e contractilidade. Essas informações são essenciais para a deteção de alterações funcionais, estimativa da reserva contrátil e identificação de áreas de viabilidade miocárdica comprometida. Além disso, a RMC permite a avaliação da função valvular, sendo particularmente útil na quantificação da insuficiência valvular aórtica, em casos de má janela ecocardiográfica.
  3. Avaliação de isquemia e viabilidade: permite a deteção de áreas de cicatriz ou de isquemia sob stress farmacológico. Essas informações são fundamentais para a decisão terapêutica, nomeadamente na decisão das estratégias de revascularização, se indicadas, ajudando a identificar os doentes que melhor possam beneficiar dessas intervenções.
  4. Orientação terapêutica: desempenha um papel central no planeamento de intervenções terapêuticas, nomeadamente procedimentos de ablação, reparação valvular ou revascularização. Fornece informações detalhadas sobre a anatomia cardíaca tridimensional, permitindo a avaliação da viabilidade de intervenções minimamente invasivas ou cirúrgicas. A RMC também auxilia na identificação de complicações potenciais, contribuindo para a tomada de decisões informadas e individualizadas.
  5. Monitorização e acompanhamento: desempenha um papel importante na monitorização e seguimento de doentes cardíacos. Permite avaliar a progressão da doença e a eficácia do tratamento, sendo especialmente útil na deteção precoce de complicações e na adaptação das estratégias terapêuticas às necessidades individuais de cada doente.

 

Em resumo, a RMC é um método de vanguarda com características únicas, sendo atualmente o método mais completo no estudo de doentes com suspeita de doença cardíaca ou com doença cardiovascular estabelecida. É uma ferramenta essencial na cardiologia moderna, oferecendo informações detalhadas e abrangentes sobre a anatomia e função cardíaca, dados prognósticos e apoio à decisão terapêutica com impacto direto na melhoria dos resultados clínicos.