A ocorrência de deficiências de vitaminas e minerais é um dos problemas mais comuns após Cirurgia Metabólica e Bariátrica, devido à menor ingestão de calorias e vitaminas e também pela diminuição da superfície de contacto para absorção.
Por outro lado, as preferências alimentares após cirurgia podem sofrer alteração. É normal, após cirurgia, nomeadamente em cirurgias com componente restritiva, haver uma maior preferência por alimentos pobres em proteína, em particular nos primeiros meses, devido a intolerância gástrica. Esta intolerância tende a diminuir com o tempo. No entanto, durante o primeiro ano após cirurgia, a ingestão proteica pode ser menor que o recomendado.
Nesse sentido, o aconselhamento nutricional nos primeiros meses é fundamental para a manutenção da ingestão proteica, sendo que as recomendações atuais sugerem um mínimo de ingestão proteica de 60g/dia, até 1,5g de proteína por kg de peso de referência por dia. Para além disso, deverá ser incentivado o aumento do consumo de alimentos ricos em proteína de alto valor biológico, ao longo das várias refeições do dia e a utilização de suplementos proteicos modulares.
Por outro lado, para além da mal nutrição proteica, os défices vitamínicos mais prevalentes na sequência da cirurgia são:
- Vitamina A;
- Vitamina B1;
- Ácido fólico;
- Vitamina B12;
- Vitamina D;
- Ferro;
- Cálcio.
Nesse sentido, consoante o procedimento cirúrgico em causa, a inclusão de suplementos nutricionais na alimentação é fundamental para o funcionamento dos processos biológicos de regulação corporal e consequentemente para uma melhor manutenção da perda de peso.
As recomendações internacionais defendem suplementação diária que inclua: um suplemento multivitamínico e multimineral (contento ferro, ácido fólico e tiamina), 1200 a 1500 mg de cálcio (tanto proveniente da dieta como na forma de citrato em suplemento), pelo menos 3000UI de vitamina D, vitamina B12 e fornecimento de ferro de 45-60mg.
A suplementação de rotina não garante a prevenção total de deficiências ao longo do tempo, devido à variabilidade individual relativamente à absorção e necessidades nutricionais, bem como devido a questões de adesão à suplementação. No entanto, a prevenção, deteção e tratamento destas deficiências, representam um pilar do seguimento a longo prazo.
Assim, deverá ser prescrito suplemento multivitamínico e multimineral a todos os doentes, com avaliação laboratorial periódica de rotina e essa suplementação deverá ser sempre personalizada, de acordo com as insuficiências ou deficiências em micronutrientes individuais, sempre aliado a uma alimentação saudável.
