A tuberculose (TB) é uma doença infeciosa e contagiosa provocada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões, mas pode afetar qualquer órgão (gânglios linfáticos, sistema nervoso, osso, etc).
Trata-se de uma doença que atinge cerca de 10 milhões de pessoas anualmente e apesar de ser prevenível e curável, a nível mundial, morrem 1.3 milhões de pessoas/ano.
É uma doença comum em Portugal?
Em Portugal, segundo os dados da DGS, em 2022 foram notificados 1518 casos de tuberculose , correspondendo a uma taxa de notificação de 14,5 casos/100.000 habitantes, pelo que somos considerados um país de baixa incidência. As regiões de maior incidência continuam a ser o Norte e Lisboa e Vale do Tejo com 15,8 e 17,8 casos/100 mil habitantes, respetivamente.
Como se transmite?
Uma pessoa doente por tuberculose expele o bacilo pelo ar (falando, tossindo ou espirrando, por exemplo) e outra pessoa inala o bacilo. Este deposita-se nos pulmões e ocorre a infeção.
Infeção não é o mesmo que doença?
Não. Após a infeção o bacilo pode ficar contido/“adormecido” pelo nosso sistema imunitário. Neste caso, chama-se Tuberculose Latente, que não é doença ativa e não é contagiosa.
A doença ocorre quando o sistema imunitário perde esta capacidade de manter o bacilo quiescente e sabe-se que cerca de 10% das pessoas infectadas desenvolverá doença ao longo da vida.
Quem está em maior risco de ter tuberculose?
Dividimos as pessoas com maior risco de ter tuberculose em dois grupos: aquelas com aumento do risco de serem infetadas e as pessoas que, ao serem infetadas, têm maior risco de progredir para doença ativa.
No primeiro grupo encontram-se as pessoas imigrantes, em reclusão, que vivem em situação sem abrigo, usuários de drogas e pessoas com exposição laboral à sílica.
No segundo grupo, temos as pessoas que vivem com VIH, crianças pequenas, idosos, pessoas desnutridas ou com diabetes, alcoolismo, doentes com patologia pulmonar crónica, doentes com cancro a fazer quimioterapia ou doentes sob tratamentos biológicos ou imunossupressores (por exemplo, os transplantados).
Quais são os sintomas?
Os sintomas da tuberculose são inespecíficos e dependem do órgão que é afetado.
No caso da TB pulmonar, devemos suspeitar de doença na presença de tosse crónica, febre, suores noturnos, emagrecimento e expetoração com sangue.
Como se diagnostica?
Na suspeita de tuberculose pulmonar, o diagnóstico deve ser rápido para evitar possíveis contágios.
A base do diagnóstico é a identificação do bacilo, habitualmente na expetoração.
Quando não se conseguem as amostras de expetoração, pode ser necessária a realização de uma endoscopia respiratória.
Os testes moleculares estão indicados para um diagnóstico rápido e permitem-nos saber se existem mutações que conferem resistência aos principais antibióticos.
Como se trata?
A duração e o esquema de tratamento realizados dependem do tipo de tuberculose e da sensibilidade aos antibióticos de primeira linha. Tem a duração mínima de 6 meses (divididos por duas fases), com a utilização de 4 fármacos.
Existe alguma forma de evitar que se desenvolva a doença?
Sim, existe. Após confirmação de que existe tuberculose Latente, podemos e devemos fazer o tratamento preventivo de forma a eliminar o bacilo do nosso corpo.
Existem vacinas?
De momento ainda não, a não ser a vacina BCG. É muito eficaz para prevenir casos graves de tuberculose em crianças em risco, nomeadamente a TB disseminada e a meningite tuberculosa, mas pouco eficaz para proteger da doença no adulto.
O que devo lembrar sobre a Tuberculose?
- É uma doença prevenível, tratável e curável que pode atingir qualquer pessoa e de qualquer estrato social.
- A transmissão é por via aérea (falar, espirrar, rir, cantar…)
- Se tiver sintomas como tosse crónica, emagrecimento e suores noturnos, deve procurar um profissional de saúde e usar máscara.
- Após infeção nem toda a gente desenvolve doença, mas o risco é mais elevado em doentes com HIV, extremos de idade, desnutrição, diabetes e alcoolismo.
- O tratamento é realizado durante o mínimo de 6 meses.
- Para impedir o aumento da incidência da tuberculose, é necessário um diagnóstico rápido da doença e rastreio de contactos eficaz. Deste modo, somos todos agentes no controle e diminuição da tuberculose no nosso país.