As úlceras orais são lesões comuns com variadas aparências. Geralmente, a avaliação clínica é suficiente para o diagnóstico e plano de tratamento adequados.
Úlceras aftosas e lesões traumáticas são, geralmente, os casos mais comuns, no entanto há outros fatores responsáveis pelo seu aparecimento. Relativamente à apresentação clínica, têm um leque muito variado: podem ser profundas ou superficiais, simétricas ou assimétricas, unilaterais ou bilaterais, isoladas ou múltiplas, dispersas ou localizadas, irregulares ou com bordos arredondados, com ou sem tecido necrótico.
No que toca à sua localização, podem aparecer em toda a cavidade oral desde os lábios e língua até à gengiva e/ou palato, e até mesmo fora da cavidade oral como na conjuntiva, laringe, nasofaringe. A anamnese feita pelo médico dentista é fundamental para descobrir a sua causa e, consequentemente, chegar mais rápida e efetivamente ao plano de tratamento.
Causas de úlceras orais
As causas de úlceras orais podem dividir-se em quatro categorias, nomeadamente infecciosas, imunológicas, traumáticas e neoplásicas.
Dentro das causas infecciosas, temos as que são provocadas por:
- Bactérias, como a sífilis e a tuberculose. As lesões que ocorrem na sífilis primária, designadas “cancro”, são altamente contagiosas tornando-se necessária uma atenção adicional.
- Vírus, como Herpes Simplex (herpes labial), Varicela Zoster (que causa a varicela e zona) e Citomegalovírus. Este último é característico nos pacientes mais frágeis imunologicamente. No vírus da varicela zoster, as lesões cicatrizam em alguns dias.
- Fungos, tendo como infeções mais comuns a aspergilose, a blastomicose e a histoplasmose.
Relativamente às úlceras de origem imunológica, temos:
- Estomatite aftosa recorrente, o tipo mais comum de úlceras orais.
- Eritema multiforme, associado a várias causas como por exemplo a medicação. Este tipo de úlceras afeta mais os doentes do sexo masculino, especialmente em crianças.
- Lesões liquenóides, mais associado a zonas de trauma.
- Lesões vesiculo-bolhosas, mais frequentes em mulheres de meia idade.
Já as traumáticas, podem surgir por traumas:
- Químicos, muitas vezes associado a materiais de restaurações, anestésicos locais e outros produtos dentários.
- Térmicos, provocados por extremos de temperatura.
- Mecânicos, que ocorrem em próteses mal adaptadas.
Finalmente, como causas neoplásicas, de maior gravidade, surgem:
- Displasia oral ulcerativa e carcinoma de células escamosas, que se distinguem das restantes por não cicatrizarem com o tempo.
- Doenças sanguíneas, como é o caso de leucemias, acompanhadas de gengivas inflamadas e sangrantes.
Tratamento das úlceras orais
Geralmente as úlceras orais curam-se espontaneamente e cicatrizam em poucos dias.
Em casos de ulcerações traumáticas, o tratamento passa pela retirada do fator causal. Alguns compostos medicamentosos têm efeitos analgésicos quando aplicados sobre a lesão mas apenas devem ser usados sob supervisão do médico dentista e após prescrição pelo mesmo.
Quando não se sabe a causa e a úlcera permanece ou quando não responde ao tratamento, a biópsia é indicada. Testes laboratoriais ou pesquisa de doenças sistémicas podem ser necessários em casos específicos de úlceras recorrentes ou severas.
Para reduzir o incómodo durante o tempo em que as úlceras permanecem em boca, deve-se evitar os alimentos mais ácidos.
O tratamento das causas infeciosas tem por base, normalmente, uma terapia adequada ao microorganismo envolvido (bactérias -> antibiótico, fungos -> antifúngico, vírus -> antivirico).