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Vamos falar de obstipação em idade pediátrica?

publicado em 10 Dez. 2025

Vamos falar de obstipação em idade pediátrica?

A obstipação, ou prisão de ventre, é um problema de saúde frequente na infância, caracterizado por dejeções pouco frequentes e/ou dolorosas, incontinência fecal/encoprese, comportamentos de retenção ou dejeções volumosas.

 

Surge mais frequentemente entre os 2 e os 4 anos e pode ter um impacto importante na qualidade de vida da criança, o que pode gerar preocupação nos pais. Entender o que está por trás da obstipação e como abordá-la de forma adequada é fundamental para garantir o bem-estar das crianças.

Quais são as causas de obstipação?

A obstipação pode ter causa orgânica ou funcional. Em cerca de 95% dos casos não existe uma doença responsável pela obstipação, sendo então considerada obstipação funcional.

 

Nos casos em que a obstipação está presente ao nascimento ou nas primeiras semanas de vida, deve suspeitar-se de causas orgânicas, como doenças metabólicas ou endócrinas, anomalias anorretais, doenças neuromusculares ou doença de Hirschsprung.

 

O expectável é haver dejeções de fezes moles. Se as fezes se tornam duras, a evacuação pode causar dor, cólicas e pequenas fissuras no ânus que podem sangrar. Estas sensações desagradáveis podem fazer com que a criança evite ir à casa de banho, o que agrava o problema: as fezes acumulam-se no reto, tornam-se maiores e mais duras, distendem o reto e diminuem a sua sensibilidade e podem levar à encoprese.

 

Entre as causas mais comuns de obstipação funcional estão: dificuldades no processo de desfralde, alterações da rotina diária, fatores emocionais, alimentação pobre em fibras, baixa ingestão de água, alimentação rica em alimentos obstipantes, pouca atividade física e predisposição genética.

Como se diagnostica a obstipação?

O diagnóstico é feito com base na história clínica e exame físico, não sendo necessário, geralmente, qualquer tipo de exame. Contudo, o pediatra assistente pode ter necessidade de pedir alguns exames para excluir causas orgânicas de obstipação.

 

Considera-se obstipação quando, durante pelo menos um mês, a criança apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Menos de 2 dejeções dejeções por semana
  • Dejeções dolorosas e/ou de fezes duras
  • Fezes volumosas (“que entopem a sanita”)
  • Grande acumulação de fezes no recto
  • Encoprese
  • Retenção voluntária de fezes

 

Se estes sintomas persistirem mais de um mês, é aconselhável que a criança seja observada por um pediatra.

Que complicações podem surgir?

A obstipação pode causar dor abdominal, fissuras anais, diminuição do apetite, encoprese, baixa autoestima, prolapso retal, infeções urinárias recorrentes, entre outras.

Como se pode tratar?

O tratamento desta patologia tem como objetivo a evacuação, idealmente diária, de fezes macias.

 

O tratamento da obstipação baseia-se em:

 

  • Alterações da dieta: aumento do consumo de alimentos ricos em fibras (frutas, legumes, cereais integrais), reforço da ingestão de água e redução do consumo de alimentos obstipantes (alimentos processados, laticínios e alimentos com alto teor de açúcar refinado);
  • Atividade física: o movimento estimula o funcionamento intestinal;
  • Treino do intestino: incentivar a criança a sentar-se na sanita durante cerca de 5 minutos, 2 a 3 vezes por dia, idealmente 20 minutos após as refeições, com postura confortável, posição adequada (joelhos ligeiramente acima da anca) e pés apoiados. Deve ser um momento tranquilo, sem pressão sobre a criança;
  • Apoio psicológico: pode ser necessário quando se percebe que há uma causa emocional associada;
  • Medicamentos: é uma medida comum e baseia-se no uso de laxantes. O tratamento pode ser prolongado, sendo ajustado consoante a consistência das fezes.

A obstipação funcional tem bom prognóstico, sobretudo quando identificada e tratada precocemente. Mudanças simples nos hábitos alimentares e no estilo de vida, são essenciais no tratamento desta patologia. O apoio do pediatra é essencial para minimizar o risco de complicações e melhorar a qualidade de vida da criança e da família.