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Cancro do colo do útero: sensibilização

publicado em 07 Fev. 2024

No mundo, e apesar dos programas de rastreio existentes, o cancro do colo do útero é responsável por cerca de 250.000 mortes por ano, com uma incidência superior em mulheres fumadoras, imunodeprimidas e transplantadas.

 

Em Portugal são registados aproximadamente 950 novos casos de cancro de colo do útero todos os anos, apresentando assim a incidência mais elevada da Europa Ocidental. Os dois grandes picos de incidência no nosso país ocorrem nas mulheres entre os 40-45 anos e entre os 55-65 anos. Deste modo, o cancro do colo do útero pode ser considerado um problema importante de saúde, no qual se deve investir, de forma a tentar obter informações cada vez mais precisas para que se possa diminuir a sua incidência e mortalidade.

O que é o cancro do colo do útero?

Este cancro desenvolve-se na região inferior do útero e pode ocorrer quando as células do colo do útero são infetadas por um ou mais tipos de Vírus Papiloma Humano (HPV) de alto risco.

 

O HPV é um tipo de vírus bastante comum na população. A maioria das mulheres (80%) será exposta a este agente durante a sua vida sexual, porém a infeção ocorre de forma transitória, onde o próprio organismo tem a capacidade de eliminar o vírus. Mesmo que ocorra o desenvolvimento de alguma lesão, o próprio sistema imunológico pode eliminá-la sem nenhum tratamento. Nos casos em que a imunidade não conseguiu reagir à presença do vírus, pode ocorrer a persistência da infecção, com evolução para lesões de maior gravidade. Nesta situação é necessário o tratamento das lesões, que vai variar de acordo com cada caso.

 

Existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais cerca de 40 infetam o trato ano-genital e destes, cerca de 15 HPVs (os de alto risco) são os mais agressivos, capazes de provocar cancro. Os HPV 16 e 18 são os mais agressivos e responsáveis por 70% dos casos de cancro de colo do útero.

Quais os sintomas?

É possível que a mulher não tenha nenhuma dor ou sintoma até às últimas fases da doença, mas é importante estar atenta a: pequenas perdas de sangue entre as menstruações, hemorragia após as relações sexuais, corrimento vaginal com sangue em mulheres pós-menopausa, corrimento vaginal purulento com mau odor, dores pélvicas e/ou durante as relações sexuais.

Como se transmite o HPV?

O HPV é transmitido por via sexual (não é necessário ocorrer penetração) e em casos muito raros pode transmitir-se por contacto não sexual. Como a infecção é assintomática, o contágio pode acontecer sem que haja suspeita. A infecção por HPV é considerada uma infecção sexualmente transmissível. A infecção pode permanecer durante muitos anos e manifestar-se, apenas, numa fase posterior. A infecção por HPV, por si só, não leva ao desenvolvimento de cancro.

 

Outros factores de risco são: início de relações sexuais em idade precoce; múltiplos parceiros sexuais, ou parceiros com múltiplos relacionamentos; história de doenças sexualmente transmissíveis, estado imunológico da mulher e consumo de tabaco

O que é o rastreio do cancro do colo do útero?

É um exame breve e indolor, no qual o médico colhe uma pequena amostra de células do colo do útero. O processo de desenvolvimento de doença maligna é lento, o que proporciona oportunidade de intervenção. Por esta razão é que é tão importante que as mulheres procurem o seu médico e realizem o rastreio do cancro do colo do útero, para pesquisa de HPV e/ou detetar alterações dessas células (Papanicolau).

Qual o papel da Vacinação?

A vacinação tem demonstrado ser uma das armas mais eficazes e custo-efetivas em termos de Saúde Pública. A aprovação das vacinas contra os HPV 16 e 18 disponibilizou um meio eficaz de prevenção primária, possibilitando uma redução deste problema de saúde pública, assim como a redução do impacto emocional e dos custos financeiros inerentes às lesões relacionadas com o HPV.

 

Em suma, a vacinação (prevenção primária) e o rastreio do cancro do colo do útero (prevenção secundária) são complementares e a sua associação melhora a eficácia no combate ao cancro do colo do útero.