Enquanto no caso dos cigarros clássicos foram necessárias “muitas décadas de utilização para saber que estavam na génese das doenças cardiovasculares, enfartes e tumores, no caso dos eletrónicos é diferente, já que estamos a falar de uma reação aguda”, explica Henrique Queiroga, pneumologista nos Hospitais Trofa Saúde.
Em causa estão as várias substâncias que produzem o fumo branco dos cigarros eletrónicos, ao qual algumas pessoas “são hipersensíveis, ou seja, alérgicas a essas substâncias, logo fazem reações inflamatórias agudas nos pulmões”, explica.
“Por isso é que tem um código denominado EVALI, usado para abordar casos de Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrónico, que faz uma reação inflamatória aguda, como se fosse uma reação de hipersensibilidade.”
Esta resposta inflamatória “cria líquido e inchaço dos brônquios e dos alvéolos, o que leva a uma obstrução ao ar que entra. Quando este não passa para o sangue, não há oxigénio e há necessidade de internamento hospitalar nos cuidados intensivos”, refere. Segundo o especialista, estes casos têm sido registados “especialmente entre os jovens que já têm problemas alérgicos, como asma, e que estão a experimentar estes novos cigarros”.
A principal função do pulmão passa por captar o oxigénio do ar, que lhe chega pelos brônquios, e direcioná-lo para o sangue, por ser indispensável ao funcionamento do organismo. Se essas vias estão obstruídas, deixamos de conseguir respirar e entramos em falência respiratória. “Pode ser necessária ventilação mecânica para fazer chegar, ou forçar, a entrada de oxigénio, enquanto a medicação está a atuar”, elucida Henrique Queiroga.