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Guerra e Saúde Mental

publicado em 01 Mai. 2022

Ninguém imaginava que depois de o mundo ser invadido por uma pandemia que provocou milhões de mortes, surgisse uma guerra. No dia 24 de fevereiro do presente ano, as notícias deram conta de que a Ucrânia estava a ser invadida por tropas russas, uma realidade que pensávamos não assistir, pelo menos não tão cedo.

 

Toda a guerra é absurda e irracional, por mais que o ser humano a tente compreender. Todas as guerras têm dois lados, o físico que se traduz na destruição de casas, feridos e mortes, afetando crianças, adultos e idosos, mas também existe o outro lado, embora menos visível, aquele que consome por dentro e que provoca graves danos ao nível da saúde mental.

 

Os conflitos armados podem acarretar consequências psicológicas, tanto para as pessoas que deles são alvo, como para aquelas que observam a situação ao longe, sentindo-se impotentes por pouco ou nada poderem fazer.

 

Relativamente às vítimas da guerra, é comum que se encontrem perturbações relacionadas com a ansiedade, depressão, medo, stress pós-traumático, distúrbios comportamentais, abuso de substâncias, elevados níveis de insegurança, afetação do poder de ressignificação, aumento da falta de esperança no futuro, diminuição da procura de sentido de propósito e de vida e elevada angústia. Já em quem observa de longe, para além de sintomas de impotência, são observados níveis elevados de stress e ansiedade que resultam da exposição contínua à incerteza e a ausência de controlo sobre o que está a acontecer. Em ambos os casos, sintomas de desespero estão presentes de forma marcada e frequente. Portanto, uma guerra tem impacto em termos de choque, revolta, trauma psicológico, pensamentos catastróficos e gera sentimentos de desmoralização e desânimo, não só nas vítimas primárias, mas também num plano mais alargado da comunidade, podendo levar a casos de suicídio.

 

É importante referir que, o impacto psicológico não é só observado no presente, mas também em termos futuros, sendo que mais tarde, as pessoas tendem a sofrer com pesadelos constantes, flashbacks do conflito, sensação constante de vigília e/ou insónias. Além disso, uma situação traumática provoca danos a nível biológico, o que poderá contribuir para diferenças ao nível de estruturas cerebrais envolvidas nos processos de memória, emoção e cognição.

 

Este acontecimento catastrófico surge numa altura em que as pessoas ainda se encontram muito fragilizadas devido aos danos colaterais provocados pela pandemia de Covid-19, pelo que o impacto que esta guerra tem/terá na saúde mental e no bem-estar psicológico, é/ será muito acentuado.

 

Os impactos diretos ou indiretos de uma guerra são brutais, mesmo depois de terminada e alcançada uma sensação de estabilidade de longo prazo. Fala-se aqui de períodos de declínio da saúde mental, em que os efeitos mentais são inevitáveis, porém combatíveis.

 

Sem saúde mental, não há saúde. A Saúde Mental é de e para todos, deve ser lembrada todos os dias! Pela nossa saúde, cuide-se! Se precisar de ajuda, procure-a, contacte-nos.