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Infeções nos doentes imunodeprimidos: o papel da Consulta de Infeciologia

publicado em 17 Dez. 2022

Nos doentes imunodeprimidos, os mecanismos normais de defesa contra as infeções estão comprometidos. São exemplos os doentes transplantados, portadores do vírus da imunodeficiência humana (VIH), com cancro sob quimioterapia ou doenças reumáticas sob terapêutica imunossupressora.

 

Existem outros fatores que podem aumentar também o risco de infeção: idade avançada, presença de dispositivos invasivos, desnutrição, diabetes mellitus, insuficiência renal crónica, entre outros.

 

Como o sistema imunológico está alterado, as bactérias, os vírus e os parasitas podem ser mais perigosos, deixando os doentes mais vulneráveis a complicações infeciosas.

 

As infeções podem ser prevenidas através da implementação de várias medidas: cuidados com alimentação, higiene das mãos, vacinação, profilaxia e erradicação de infeções latentes (como a tuberculose).

 

Existem dois tipos de vacinas: vivas e inativadas. Os doentes imunodeprimidos podem ser imunizados com segurança com vacinas inativadas, se possível evitando períodos de imunossupressão mais intensiva. Embora se saiba que a vacinação nestes doentes pode ser menos eficaz, existe sempre algum benefício.

 

Estes doentes têm indicação para cumprir o Programa Nacional de Vacinação, com destaque para o reforço da vacina do tétano a cada 10 anos. Para além disso, devem realizar a vacinação pneumocócica, vacina da gripe anualmente e esquema primário e reforços da vacina COVID-19 sempre que indicado. Podem beneficiar de vacinas para prevenção de outras infeções, como hepatite A, herpes zoster e meningococemia.

 

A tuberculose é endémica em Portugal e adquire maior gravidade nesta população. Idealmente, deve-se rastrear esta infeção (doença ativa ou latente). A prevenção farmacológica da reativação de outras infeções, como a hepatite B, pneumocistose, listeriose, estrongiloidíase, entre outras, deve ser ponderada caso a caso.

 

Nestes indivíduos, a resposta imunitária à vacina contra a COVID-19 é por vezes subótima. Aconselha-se, por isso, a manutenção de medidas de distanciamento social, higiene das mãos e utilização de máscara. Existem atualmente estratégias farmacológicas específicas de prevenção tanto da aquisição como para progressão para COVID-19 grave.

 

Nas consultas de avaliação de risco infecioso nos doentes sobre medicação imunossupressora é realizada uma abordagem holística. São avaliadas características clínicas, tipo de imunossupressão, bem como contexto epidemiológico. É delineado um plano personalizado de rastreio e profilaxias. Além da prevenção, está facilitada a avaliação posterior em caso de intercorrência infeciosa. Aumenta-se, assim, a segurança na utilização dos imunossupressores, qualidade de vida e morbimortalidade desta população.