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Mitos sobre Colesterol elevado e o seu tratamento

publicado em 28 Jun. 2024

A dislipidemia é uma doença caracterizada por níveis elevados de lípidos no sangue, como colesterol e triglicerídeos.

 

O tratamento da dislipidemia é fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral e o Enfarte Agudo do Miocárdio, que são as principais causas de mortalidade em Portugal e no mundo. Portanto, quando tratamos adequadamente a dislipidemia, estamos a prevenir doenças graves e a reduzir o risco de mortalidade.

 

O tratamento inclui mudanças de estilo de vida, como uma dieta equilibrada, a prática de exercício físico e a cessação tabágica. Em alguns casos, é necessária medicação, sendo as Estatinas as mais frequentemente prescritas.

 

Nas análises clínicas constam, habitualmente, os principais tipos de colesterol, contudo o seu significado varia:

 

  • Colesterol HDL (High Density Lipoprotein – lipoproteína de elevada densidade), é conhecido como o «bom colesterol», desempenha um papel protector e idealmente os seus níveis devem ser mais elevados (acima de 40 mg/dL nos homens e 50 mg/dL nas mulheres).

 

  • Colesterol LDL (Low Density Lipoprotein – lipoproteína de baixa densidade), também conhecido como «mau colesterol» está associado a um aumento do risco de doenças cardiovasculares. O seu excesso favorece a deposição de gordura nas paredes das artérias, impedindo o fluxo sanguíneo normal. Quando os valores de LDL estão alterados, tem uma maior decisão no tratamento.

 

  • Colesterol Total, é o conjunto de todos os subtipos de colesterol.

 

Não existe um valor único normal de colesterol para todos os indivíduos. Principalmente no que concerne ao LDL, o valor que é considerado normal ou desejável depende do perfil de risco cardiovascular de cada pessoa, pelo que os valores de referência que constam habitualmente nas análises de sangue nem sempre se aplicam a todos os casos.

 

Assim, quanto maior foi o risco cardiovascular, avaliado com base em fatores como idade como idade, género, hábitos tabágicos, hipertensão arterial, diabetes, excesso de peso e história familiar de doença cardiovascular, mais baixo deverá ser o valor de LDL.

 

A decisão de iniciar medicação, o tipo de medicamento e a sua dosagem são individualizadas, com o objetivo a atingir um valor de LDL adequado ao risco cardiovascular de cada pessoa.

 

  • Risco baixo: LDL inferior a 116 mg/dL
  • Risco moderado: LDL inferior a 100 mg/dL
  • Risco elevado: LDL inferior a 70 mg/dL
  • Risco muito elevado: LDL inferior a 55 mg/dL

 

Nos últimos anos muito se escreveu acerca da utilização das estatinas, o medicamento mais utilizado para tratar a dislipidemia. Para o público em geral, foi transmitida a ideia de que estes medicamentos não eram seguros, que os riscos e os efeitos adversos eram demasiado elevados face aos benefícios, e que não eram eficazes na prevenção das doenças cardiovasculares e da mortalidade a elas associadas.

 

É fundamental que estes conceitos, muitos deles verdadeiros mitos, sejam esclarecidos à luz do conhecimento científico e das boas práticas médicas.

 

As estatinas por vezes têm efeitos adversos, como qualquer outro medicamento, os mais frequentes são musculares, porém, a maioria dos casos é ligeira, transitória e ultrapassável com a alteração da dose ou da estatina escolhida.

 

Em algumas publicações, surgiu a hipótese de que as estatinas poderiam aumentar o risco de perda de memória, diabetes ou até mesmo cancro. É fundamental explicar que a relação entre o uso de estatinas e as doenças referidas nunca foi cientificamente provada e que o rigor dos estudos mencionados foi considerado muito questionável. As conclusões e orientações médicas não são estabelecidas com base em apenas um estudo, mas sim na análise detalhada de vários.

 

Em resumo, as estatinas são fármacos seguros desde que tomados sob indicação médica, na dose e duração corretas, com benefícios claríssimos na diminuição de doença e mortalidade, sustentados em provas científicas sólidas de dezenas de anos de estudo.

 

Em caso de dúvida consulte sempre o seu médico.