Em contagem decrescente para o II Congresso de Medicina Geral e Familiar do Trofa Saúde, o Prof. Doutor Paulo, presidente do evento, a Dr.ª Cristiana Santos, diretora de produção MGF da rede Trofa Saúde e o Dr. Jorge Hernâni-Eusébio, membro da comissão científica do evento, refletem sobre o programa delineado para os três dias, no que concerne às principais sessões e temas em discussão, e sobre a importância do Projeto Médico de Família Trofa Saúde.
O II Congresso de Medicina Geral e Familiar do Trofa Saúde decorre de 5 a 7 de junho.
O Projeto Médico de Família Trofa Saúde foi lançado em março deste ano. Em que consiste e quais os principais objetivos que o caracterizam, a curto e longo prazo?
O Projeto Médico de Família Trofa Saúde tem como principal objetivo permitir que cada cliente e família escolham o médico com quem mais se identificam e em quem confiam, promovendo uma Medicina preventiva e de proximidade. Esta iniciativa nasce com o propósito de humanizar a relação médico-doente, sempre com base na continuidade, vinculação e abrangência.
A curto prazo, o foco está na acessibilidade e na rapidez de resposta, garantindo que os clientes possam recorrer ao seu médico sempre que necessário, obtendo uma resposta célere e integrada. A longo prazo, pretende-se reforçar esta ligação, proporcionando um acompanhamento personalizado e contínuo, assegurando uma abordagem abrangente aos cuidados de saúde.
O objetivo final é criar uma rede de saúde eficiente e centrada no bem estar dos doentes.
Volvidos alguns meses desde a sua implementação, qual o balanço que faz até ao momento?
O balanço tem sido extremamente positivo! Em apenas três meses, mais de 18 mil clientes optaram por escolher o seu Médico de Família Trofa Saúde, demonstrando o reconhecimento da mais-valia deste projeto.
Estes números refletem a confiança crescente na iniciativa e a importância de uma abordagem personalizada e próxima na prestação de cuidados de saúde primários.
Este sucesso reforça a ideia de que as pessoas valorizam uma relação médico-doente mais humana e acessível, garantindo um acompanhamento contínuo e eficaz.
O Congresso de Medicina Geral e Familiar do Trofa Saúde vai na sua segunda edição, o que mostra a vitalidade do evento e o sucesso da primeira edição. Que papel pode este congresso desempenhar na formação contínua dos profissionais da MGF?
O Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar tem como principal objetivo fortalecer a formação contínua dos profissionais da área. Como o maior grupo de saúde privado do Norte do país, temos como objetivo promover a atualização científica, a troca de experiências e a melhoria das práticas clínicas.
Além disso, incentiva o networking, impulsionando a colaboração e o desenvolvimento da especialidade, garantindo cuidados mais eficazes e adaptados à população.
Para o Dr. Jorge Hernâni-Eusébio, o evento é uma oportunidade para “explorar como a investigação na área digital está a transformar a nossa prática, com avanços significativos no uso de inteligência artificial para diagnóstico e prognóstico, e na criação de modelos de saúde mais personalizados”.
Sobre o Projeto Médico de Família Trofa Saúde e na qualidade de especialista em MGF, como olha para a sua implementação no Trofa Saúde Braga Sul?
O Projeto Médico de Família Trofa Saúde é, sem dúvida, um grande passo na humanização e personalização dos cuidados de saúde. Na Trofa Saúde Braga Sul, vejo este projeto como uma evolução natural do nosso modelo assistencial, onde o Médico de Família assume um papel central, tal como o General Practitioner/Family Medicine Physician em meio hospitalar existente noutros países, como no Reino Unido ou na Austrália, por exemplo. O médico de família conhecerá a pessoa que nos procura numa perspetiva biopsicossocial, sendo ainda o elo de ligação com as outras especialidades e serviços do hospital.
Atuando como “organizador e distribuidor de jogo”, coordena os cuidados ao longo da jornada de saúde da pessoa que procura o Hospital. Servindo como porta de entrada, não é menos verdade que atua também como o especialista onde a pessoa regressa e onde os seus cuidados podem ser integrados de forma longitudinal. Essa visão permite-nos oferecer uma medicina preventiva e preditiva mais eficaz, focada nas necessidades individuais de cada pessoa, onde a relação terapêutica se procura de forma próxima e personalizada.
Servindo de verdadeiro ponto de continuidade, coordenando cuidados e encaminhamentos, o Médico de Família Trofa Saúde garante não só uma melhor gestão de doenças crónicas, mas também uma maior atenção ao bem-estar global da pessoa.
No Trofa Saúde Braga Sul, o Projeto Médico de Família visa precisamente isso: promover uma ligação próxima e contínua entre médicos e pessoas que nos procuram, mas também a outras especialidades médicas e outros profissionais de saúde. A nossa missão é garantir que os cuidados sejam coordenados de forma eficiente, com a integração de todas as áreas de competência, criando uma rede de cuidados que vai muito além do consultório médico, integrando toda a experiência da pessoa no hospital de forma mais fluída e acessível.
De que forma com este projeto é possível alcançar uma Medicina preventiva e personalizada, de maior proximidade com os doentes?
Ao garantir acompanhamento contínuo e personalizado, a nossa função, tal como atletas especialistas no decatlo, é procurar resolver problemas de saúde dentro da nossa área de competência, assim como encaminhar de forma eficaz para outros profissionais sempre que necessário. Como médicos de família, somos especializados em prevenção e gestão personalizada da saúde, o que significa que, além de tratar as doenças que nos chegam, procuramos prevenir e evitar que elas surjam.
A nossa missão é dar às pessoas o melhor acompanhamento possível, com uma orientação tailor-made que tenha em consideração a sua história pregressa, o contexto de vida e as suas necessidades específicas. Trabalhamos na prevenção de doenças crónicas, como hipertensão, diabetes, asma ou dor crónica, assim como na promoção de hábitos saudáveis que ajudem a manter a saúde ao longo do tempo.
O médico de família é, portanto, o ponto central de coordenação da saúde, garantindo que a pessoa tenha acesso à rede de cuidados necessários ao seu bem-estar e diariamente disponível no hospital, integrando cuidados com as outras especialidades médicas e outros profissionais de saúde, como a Enfermagem, a Psicologia, a Nutrição, a Medicina Dentária ou a Fisioterapia, assim garantindo que cada pessoa gere connosco a sua saúde de forma proativa e integrada.
Enquanto membro da comissão científica do II Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar, que sessões gostaria, particularmente, de destacar e de que forma visam colmatar os desafios da MGF nesta Era Digital?
Destaco particularmente as sessões “Medicina na Era Digital” e “Big Data nos Cuidados de Saúde”. Na primeira, procuraremos abordar tudo o que é fundamental para a Medicina Geral e Familiar no contexto atual: desde os ecossistemas digitais que estão a emergir, passando pela telemedicina, até às implicações éticas e de comunicação que surgem com o uso de novas tecnologias na saúde. Além disso, vamos explorar como a investigação na área digital está a transformar a nossa prática, com avanços significativos no uso de inteligência artificial para diagnóstico e prognóstico, e na criação de modelos de saúde mais personalizados.
Nesta mesa-redonda contaremos com palestrantes de inestimável valor, que vão partilhar a sua visão sobre como a tecnologia pode transformar a prática clínica, com um olhar atento às questões da ética, da proteção de dados, da relação médico-doente em ambiente digital e ainda integração da inteligência artificial no acompanhamento de quem se nos apresenta em consulta.
A sessão “Big Data nos Cuidados de Saúde” abordará diretamente os desafios que muitos sistemas de saúde enfrentam atualmente: a qualidade dos dados e a falta de sistemas integrados que possam permitir prever e prevenir problemas de saúde de forma mais eficaz. Discutiremos de que forma os dados de saúde podem ser melhor utilizados para antecipar riscos, planear intervenções personalizadas e promover a Medicina preventiva.
O grande desafio será garantir que os dados sejam precisos, completos e acessíveis, sem nunca descurar a privacidade das pessoas que são detentores dos mesmos.
Creio que será, sem dúvida, um ponto de encontro para refletirmos sobre a nossa prática na era digital e sobre como podemos aproveitar as novas ferramentas tecnológicas, juntamente com a investigação, para oferecer cuidados de saúde mais eficientes, integrados e humanizados.
Esta segunda edição do evento subordina-se ao tema “Medicina na Era Digital”. Como foi pensada a escolha do tema?
A escolha do tema reflete a crescente digitalização do setor da saúde e o impacto das novas tecnologias na prática clínica diária. Estamos a viver uma transformação tecnológica sem precedentes e, como médicos de família, torna-se imprescindível adaptar a nossa prática já no presente, para que possamos aproveitar as potencialidades da digitalização na gestão da pessoa de forma humanizada.
Este tema ensaia o proporciona uma reflexão sobre oportunidades e desafios inerentes à digitalização de cuidados no âmbito da Medicina Geral e Familiar: um olhar crítico sobre as ferramentas que temos à disposição e a forma como as mesmas são e poderão ser utilizadas.
Como descreveria a relevância da “Medicina na Era Digital” para a prática atual da MGF?
A Medicina Geral e Familiar está a viver um momento de grande transformação com o avanço da digitalização. A “Era Digital” trouxe ferramentas que podem, efetivamente, melhorar muito o nosso trabalho.
Desde a telemedicina até à inteligência artificial, passando pelos registos eletrónicos mais integrados e pelos dispositivos de monitorização remota, temos hoje formas mais eficientes de acompanhar os nossos doentes, o que é uma enorme mais-valia para uma especialidade centrada na pessoa e na continuidade de cuidados.
No entanto, a tecnologia é um meio, não um fim. Não queremos que a relação médico-doente se perca por trás de ecrãs e algoritmos. A tecnologia tem de libertar tempo para aquilo que mais importa: ouvir, compreender, cuidar.
O nosso desafio é integrar estas novas ferramentas de forma crítica, ética e útil, sem perder de vista aquilo que nos define enquanto médicos de família. A digitalização é uma aliada se a soubermos utilizar com sensatez e com foco nas pessoas que existem para lá das doenças e não apenas pelas doenças.
Em contagem decrescente para o II Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar, o que é que os congressistas podem esperar?
Os participantes vão encontrar um congresso muito completo, bem estruturado e, acima de tudo, útil para a prática clínica. Pensámos este encontro como um momento de atualização, mas também de reflexão e de projeção para o futuro da nossa especialidade.
Teremos painéis que abordam os temas clínicos mais relevantes — doenças crónicas, rastreios, saúde mental, numa perspetiva que mistura a clínica com a inovação digital, a organização dos cuidados primários e o papel do médico de família na articulação com os outros níveis de cuidados.
Pretende-se um ambiente informal e próximo, que facilite a partilha de experiências e o debate. Haverá espaço para perguntas, para discussão e muito networking, fundamental numa especialidade muito fechada no seu consultório, onde as oportunidades de trocar ideias entre pares nem sempre estão acessíveis.
Queremos que cada participante leve para o seu dia-a-dia ideias novas, uma motivação reforçada e a sensação de que está a contribuir para uma MGF mais preparada e mais valorizada. Este é um congresso feito por e para médicos de família.
De que forma os contributos dos especialistas selecionados para cada painel podem inspirar a prática clínica dos participantes?
Uma das grandes riquezas deste congresso está mesmo na escolha dos oradores. Reunimos profissionais com experiência no terreno, com pensamento inovador e com uma forte ligação à realidade da prática clínica, numa perspetiva interdisciplinar, fundamental no funcionamento atual de um sistema de saúde. São pessoas que conhecem bem os desafios do dia a dia e que trazem ao mesmo tempo uma visão estratégica e inspiradora sobre o caminho que a MGF pode seguir.
Cada painel foi pensado para equilibrar a componente científica com a aplicabilidade prática. Queremos que os participantes sintam que o que estão a ouvir faz sentido, que é útil, que pode ser adaptado à sua realidade clínica. Seja um novo protocolo, uma abordagem diferente a um problema frequente ou uma ferramenta digital que pode facilitar o trabalho, o objetivo é que haja sempre algo que possa ser levado para o consultório.
Além disso, acreditamos que ouvir colegas que lideram, que investigam, que inovam, pode ser também uma motivação extra para continuar a evoluir. A inspiração, muitas vezes, vem do exemplo.
Que convite gostaria de fazer aos colegas para participarem no II Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar?
Gostava de deixar um convite muito genuíno: venham ao congresso, participem, envolvam-se. Este é um momento para nós, médicos de família, refletirmos sobre o que somos, o que fazemos e para onde queremos ir.
Sabemos que o dia a dia é exigente, e que por vezes é difícil parar. Mas parar para pensar, para aprender e para partilhar também faz parte do nosso desenvolvimento enquanto profissionais. Este congresso é uma oportunidade para ouvir boas ideias, conhecer colegas com percursos inspiradores e sentir que fazemos parte de uma especialidade com um papel central no sistema de saúde.
Acima de tudo, queremos que cada colega que participe sinta que este é um espaço onde vale a pena estar. Um espaço de construção coletiva, de afirmação da nossa identidade e de projeção de um futuro mais sólido, mais inovador e mais humano para a Medicina Geral e Familiar. Esperamos por todos com entusiasmo.
Entrevista in News Farma 3/6/25