A obesidade é uma doença crónica, recidivante e complexa, reconhecida pelas principais organizações de saúde. Não é apenas uma questão estética ou de “força de vontade”: trata-se de uma condição de saúde que aumenta o risco de diabetes, hipertensão, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, problemas respiratórios e muitas outras complicações.
Por ser uma doença com forte tendência à recaída, a obesidade exige acompanhamento contínuo, mesmo após a perda de peso. A boa notícia? Com a abordagem certa, é possível tratar, controlar e prevenir.
O que causa a obesidade?
A obesidade não tem uma causa única. Resulta da interação entre diferentes fatores:
- Genética e história familiar – a predisposição genética influencia o apetite, o metabolismo e a forma como o corpo armazena gordura.
- Ambiente obesogénico – a combinação de alimentos ultraprocessados, grandes porções e estilos de vida sedentários favorece o aumento de peso.
- Stress, sono e fatores emocionais – o stress crónico, a privação de sono e oscilações emocionais alteram hormonas relacionadas com fome e saciedade.
- Dietas restritivas repetidas – dietas muito restritas podem abrandar o metabolismo e favorecer ciclos de perda e ganho de peso (“efeito ioiô”).
- Condições médicas e medicação – doenças como hipotireoidismo, síndrome dos ovários poliquísticos (SOP), alguns transtornos mentais e certos medicamentos podem contribuir para o aumento de peso.
A obesidade é resultado de influências biológicas, ambientais, psicológicas e sociais, e não de falha pessoal.
Sinais e sintomas da obesidade
A obesidade não se resume ao número na balança. Envolve a quantidade e distribuição da gordura corporal e o impacto na saúde.
Os sinais mais frequentes incluem:
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Ganho de peso progressivo
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Cansaço frequente
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Dificuldade em dormir ou respirar bem (incluindo apneia)
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Dores nas articulações (joelhos, anca, costas)
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Irregularidades menstruais e infertilidade
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Desenvolvimento de condições associadas: diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto, doença hepática gordurosa, entre outras
Diagnóstico da obesidade
O diagnóstico é multidimensional e não se baseia apenas no IMC.
Inclui:
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Índice de Massa Corporal (IMC)
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Medição da cintura abdominal
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Avaliação da composição corporal (quando disponível)
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Análise dos hábitos de vida: alimentação, atividade física, sono e saúde emocional
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Exames laboratoriais e outros testes para identificar doenças associadas
Este processo permite identificar não só o peso, mas principalmente o impacto metabólico e os riscos para a saúde.
Tratamento da obesidade: como é feito?
A obesidade tem tratamento e não passa por dietas radicais. As medidas mais eficazes são sustentáveis a longo prazo.
1. Alimentação equilibrada
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Menos alimentos processados
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Mais alimentos naturais
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Estratégias adaptadas ao estilo de vida e às preferências individuais
2. Atividade física
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Movimento diário (caminhadas, tarefas domésticas, deslocações ativas)
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Exercício estruturado adaptado às capacidades de cada pessoa
3. Gestão emocional
Apoio psicológico para melhorar a relação com a comida, lidar com o stress e identificar gatilhos emocionais.
4. Medicação para a obesidade
Indicado por profissionais qualificados. Ajuda a controlar o apetite, reduzir a ingestão calórica e facilitar a perda de peso.
5. Cirurgia bariátrica
Opção eficaz e segura para casos específicos, com benefícios comprovados na perda de peso e na melhoria de comorbilidades.
O tratamento deve ser acompanhado por profissionais de saúde, com empatia, respeito e sem julgamentos.
Prevenção da obesidade
Pequenas mudanças podem reduzir significativamente o risco.
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Fazer refeições equilibradas e comer devagar
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Priorizar um sono de qualidade
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Mexer o corpo de forma prazerosa: caminhar, dançar, andar de bicicleta
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Evitar dietas da moda e restrições extremas
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Perceber se se come por fome física ou por emoção
Prevenção antes da gravidez
O ambiente metabólico da mãe influencia a saúde futura do bebé.
Cuidar do peso e da alimentação antes da conceção reduz o risco de obesidade na criança.
Criar uma relação saudável com a comida, o corpo e o bem-estar é o primeiro passo — idealmente ainda antes da gravidez.