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Obesidade: compreender, tratar e prevenir

publicado em 16 Dez. 2025

A obesidade é uma doença crónica, recidivante e complexa, reconhecida pelas principais organizações de saúde. Não é apenas uma questão estética ou de “força de vontade”: trata-se de uma condição de saúde que aumenta o risco de diabetes, hipertensão, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, problemas respiratórios e muitas outras complicações.

Por ser uma doença com forte tendência à recaída, a obesidade exige acompanhamento contínuo, mesmo após a perda de peso. A boa notícia? Com a abordagem certa, é possível tratar, controlar e prevenir.

O que causa a obesidade?

A obesidade não tem uma causa única. Resulta da interação entre diferentes fatores:

  1. Genética e história familiar – a predisposição genética influencia o apetite, o metabolismo e a forma como o corpo armazena gordura.
  2. Ambiente obesogénico – a combinação de alimentos ultraprocessados, grandes porções e estilos de vida sedentários favorece o aumento de peso.
  3. Stress, sono e fatores emocionais – o stress crónico, a privação de sono e oscilações emocionais alteram hormonas relacionadas com fome e saciedade.
  4. Dietas restritivas repetidas – dietas muito restritas podem abrandar o metabolismo e favorecer ciclos de perda e ganho de peso (“efeito ioiô”).
  5. Condições médicas e medicação – doenças como hipotireoidismo, síndrome dos ovários poliquísticos (SOP), alguns transtornos mentais e certos medicamentos podem contribuir para o aumento de peso.

A obesidade é resultado de influências biológicas, ambientais, psicológicas e sociais, e não de falha pessoal.

Sinais e sintomas da obesidade

A obesidade não se resume ao número na balança. Envolve a quantidade e distribuição da gordura corporal e o impacto na saúde.

Os sinais mais frequentes incluem:

  • Ganho de peso progressivo

  • Cansaço frequente

  • Dificuldade em dormir ou respirar bem (incluindo apneia)

  • Dores nas articulações (joelhos, anca, costas)

  • Irregularidades menstruais e infertilidade

  • Desenvolvimento de condições associadas: diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto, doença hepática gordurosa, entre outras

Diagnóstico da obesidade

O diagnóstico é multidimensional e não se baseia apenas no IMC.

Inclui:

  • Índice de Massa Corporal (IMC)

  • Medição da cintura abdominal

  • Avaliação da composição corporal (quando disponível)

  • Análise dos hábitos de vida: alimentação, atividade física, sono e saúde emocional

  • Exames laboratoriais e outros testes para identificar doenças associadas

Este processo permite identificar não só o peso, mas principalmente o impacto metabólico e os riscos para a saúde.

Tratamento da obesidade: como é feito?

A obesidade tem tratamento e não passa por dietas radicais. As medidas mais eficazes são sustentáveis a longo prazo.

1. Alimentação equilibrada

  • Menos alimentos processados

  • Mais alimentos naturais

  • Estratégias adaptadas ao estilo de vida e às preferências individuais

2. Atividade física

  • Movimento diário (caminhadas, tarefas domésticas, deslocações ativas)

  • Exercício estruturado adaptado às capacidades de cada pessoa

3. Gestão emocional

Apoio psicológico para melhorar a relação com a comida, lidar com o stress e identificar gatilhos emocionais.

4. Medicação para a obesidade

Indicado por profissionais qualificados. Ajuda a controlar o apetite, reduzir a ingestão calórica e facilitar a perda de peso.

5. Cirurgia bariátrica

Opção eficaz e segura para casos específicos, com benefícios comprovados na perda de peso e na melhoria de comorbilidades.

O tratamento deve ser acompanhado por profissionais de saúde, com empatia, respeito e sem julgamentos.

Prevenção da obesidade

Pequenas mudanças podem reduzir significativamente o risco.

  • Fazer refeições equilibradas e comer devagar

  • Priorizar um sono de qualidade

  • Mexer o corpo de forma prazerosa: caminhar, dançar, andar de bicicleta

  • Evitar dietas da moda e restrições extremas

  • Perceber se se come por fome física ou por emoção

Prevenção antes da gravidez

O ambiente metabólico da mãe influencia a saúde futura do bebé.
Cuidar do peso e da alimentação antes da conceção reduz o risco de obesidade na criança.

Criar uma relação saudável com a comida, o corpo e o bem-estar é o primeiro passo — idealmente ainda antes da gravidez.