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Covid-19: a importância da reavaliação clínica depois da cura

publicado em 14 Jan. 2021

O vírus SARS-CoV-2 foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na China, e foi declarado como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde, em março de 2020. As manifestações clínicas deste vírus são muito variáveis. De facto, uma pessoa com Covid-19 pode não manifestar qualquer sintoma como pode desenvolver uma forma grave da doença, com necessidade de admissão em unidades de cuidados intensivos. As pessoas com maior risco de desenvolver as formas graves incluem os idosos, pessoas que sofram de obesidade ou de doenças cardiovasculares.

 

O início da vacinação em todo mundo surgiu como um sinal de esperança para controlar a pandemia. Contudo, dado o número limitado de vacinas e a ausência de um tratamento dirigido à infeção, a melhor proteção continua a ser a utilização de máscara, a etiqueta respiratória, lavagem de mãos e o distanciamento social.

 

Mas e depois da infeção por Covid-19? Que sequelas pode trazer para o futuro?
Por se tratar de um vírus recentemente identificado, é impossível saber de forma precisa que efeitos a longo prazo ocorrerão com esta infeção. Sabemos que outras infeções víricas, como o sarampo ou a mononucleose, podem nalguns casos causar sequelas. Têm sido descritas na literatura alterações que vão desde a fadiga até a danos pulmonares graves. Apesar de as queixas pulmonares serem mais frequentes, os sintomas extrapulmonares também existem.

 

Quais são as queixas mais referidas depois da cura por Covid-19?
Os sintomas referidos incluem a fadiga, tosse, falta de ar, cansaço fácil, fraqueza muscular, palpitações, dificuldade de concentração, bem como alterações de humor, memória ou sono. Estas queixas surgem maioritariamente em doentes com manifestações mais graves da doença, mas também aparecem nas formas ligeiras. Não só a infeção contribui para esta sintomatologia, mas também a imobilização e complicações decorrentes de internamentos prolongados associados a Covid-19, nos casos mais graves. Contudo, neste momento, ainda não é possível determinar se as queixas após uma infeção por Covid-19 poderão ser tradutoras de uma fase de recuperação mais longa, de consequências do internamento, de ansiedade associada a uma doença mediática e/ou de sequelas a longo prazo.

 

Assim, torna-se fundamental a reavaliação dos doentes no período após a cura por Covid-19, sobretudo nos doentes com manifestações respiratórias da doença, sintomas persistentes ou que tiveram necessidade de internamento.

 

De forma a dar resposta a esta necessidade, o Trofa Saúde Boa Nova (em Matosinhos) e Braga Sul criou uma consulta especializada de Pneumologia para o seguimento destes doentes. Estas consultas devem ser realizadas 6 a 12 semanas após a infeção, tendo como objetivo avaliar sinais e sintomas, estratificar o atingimento do pulmão com recurso a exames complementares de diagnóstico e orientar para outras áreas necessárias, tal como a fisioterapia.

 

Bibliografia:

  1. Coronavirus disease (COVID-19) https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 (accessed Jan 6, 2021).
  2. Assessing Risk Factors for Severe COVID-19 Illness | CDC https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/covid-data/investigations-discovery/assessing-risk-factors.html (accessed Jan 6, 2021).
  3. COVID-19: information for the respiratory community | British Thoracic Society | Better lung health for all https://www.brit-thoracic.org.uk/covid-19/covid-19-information-for-the-respiratory-community/ (accessed Jan 6, 2021).
  4. Direção-Geral de Saúde. Relatório de Situação n.º255 | 12/11/2020.