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Doença inflamatória intestinal: conhecer para reconhecer

publicado em 29 Dez. 2022

A doença inflamatória intestinal (DII) é um termo utilizado para descrever duas patologias inflamatórias crónicas intestinais:

  • colite ulcerosa – inflamação contínua da mucosa do cólon, com ponto de partida no reto;
  • doença de Crohn – inflamação caracteristicamente descontínua e transmural da parede do tubo digestivo, frequentemente envolvendo a porção distal do intestino delgado e o cólon.

 

Os sintomas da doença inflamatória intestinal variam, dependendo da gravidade da inflamação e dos segmentos do tubo digestivo envolvidos, sendo característica a alternância entre períodos de atividade e períodos de remissão. Apesar de a forma de apresentação da doença de Crohn e da colite ulcerosa ser relativamente distinta, os sinais e sintomas comuns a ambas as patologias incluem diarreia, fadiga, dor abdominal, sangue nas fezes, apetite reduzido e perda de peso não intencional.

 

A causa subjacente ao desenvolvimento de doença inflamatória intestinal permanece desconhecida. A causa mais provável, de acordo com a evidência atual, envolve uma desregulação do sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos, em particular uma resposta exacerbada e não controlada a agentes microbianos comensais, dando origem a uma resposta inflamatória crónica com subsequente lesão intestinal.

 

A maioria das pessoas que desenvolvem doença inflamatória intestinal são diagnosticadas antes dos 30 anos de idade, observando-se um segundo pico na incidência na sexta década de vida. Familiares do primeiro grau de indivíduos com doença inflamatória intestinal têm uma suscetibilidade acrescida para serem diagnosticadas com a mesma condição.

 

O tabagismo é o fator de risco controlável mais importante para o desenvolvimento da doença de Crohn. Curiosamente, existe uma relação inversa entre o tabagismo e a colite ulcerosa, mas o impacto negativo do tabaco na saúde em geral e no sistema digestivo supera qualquer benefício do seu uso. Medicamentos da classe dos anti-inflamatórios não esteroides podem aumentar o risco de desenvolver ou exacerbar a doença inflamatória intestinal.

 

A colite ulcerosa e a doença de Crohn, sobretudo nos seus espetros de maior gravidade, podem desenvolver complicações que podem ser comuns a ambas ou específicas de cada condição. As complicações encontradas em ambas as condições podem incluir cancro colorretal, inflamação da pele, olhos e articulações, colangite esclerosante primária, fenómenos trombóticos, desidratação grave e efeitos adversos de medicamentos.

 

As complicações específicas da doença de Crohn podem incluir obstrução intestinal (por fenómenos inflamatórios ou cicatriciais), desnutrição grave, anemia, fístulas (incluindo doença perianal) e abcessos. Embora atualmente rara, a complicação mais característica e também mais temível da colite ulcerosa é o megacólon tóxico, com ou sem perfuração, considerada uma emergência médica e cirúrgica.

 

Consulte o seu médico se tiver uma alteração persistente dos seus hábitos intestinais ou se apresentar algum dos sinais e sintomas sugestivos de doença inflamatória intestinal. Embora geralmente não seja fatal, a doença inflamatória intestinal é uma doença potencialmente grave que, em alguns casos, pode causar complicações com implicações sérias na saúde e qualidade de vida das pessoas envolvidas. O diagnóstico e referenciação atempada para o Gastrenterologista, e a instituição precoce do tratamento adequado, podem alterar a história natural da doença.