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E tudo o tempo levou: “Senhor doutor, esqueço-me de tudo!”

publicado em 22 Set. 2021

As queixas subjetivas de perda de memória são preocupações comuns na população. A prevalência destas queixas pode atingir os 50-60% dos idosos, sendo que a sua prevalência aumenta com a idade, varia de cerca de 1% aos 60-65 anos, até cerca de 40-50% aos 90 anos.

 

Abaixo dos 65 anos, a maioria das queixas cognitivas não representa um processo degenerativo e a sua reversão, ou pelo menos melhoria, pode ser atingível, quando identificada a causa subjacente. As perturbações do humor (por exemplo, depressão), alterações do padrão de sono, uso de determinados medicamentos, carências vitamínicas e alterações endocrinológicas estão entre as causas mais comum de queixas cognitivas não degenerativas com potencial de reversão.

É também importante ter em mente que o declínio cognitivo é um fenómeno natural associado ao envelhecimento e nem sempre significa que exista uma doença subjacente que necessite de um tratamento específico. No entanto, uma parte das pessoas com perda de memória pode, de facto, representar um estádio inicial de uma demência degenerativa, como a Doença de Alzheimer.

Os sintomas iniciais mais comuns da Doença de Alzheimer são os esquecimentos para situações do quotidiano, por exemplo, conversas, compromissos, datas, local onde guardou objetos e dificuldade na execução de tarefas como cozinhar e conduzir. Com a evolução da doença, poderão aparecer: alteração do padrão do sono, desorientação espacial, alterações do comportamento e da linguagem. Existe uma perda progressiva de autonomia, com necessidade crescente de vigilância e apoio de terceiros, podendo evoluir para um estádio de total dependência.

 

Numa consulta de Neurologia avalia-se os sinais e sintomas, com colheita da história pessoal e familiar, acompanhada de exame físico e neurológico. Após esta abordagem básica, determina-se que exames são mais pertinentes para cada situação, com objetivo de criar uma lista de causas mais prováveis para as queixas apresentadas pelo doente. Perante o diagnóstico mais provável, é posteriormente construído um plano terapêutico específico ao quadro clínico.

 

Embora não exista uma cura definitiva para doentes com demência, a sua identificação precoce permite iniciar intervenções no estilo de vida, como, por exemplo, atividade física e exercícios de estimulação cognitiva e atitudes terapêuticas, que potenciarão a reserva cognitiva existente, podendo diminuir a velocidade do declínio cognitivo.