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Escetamina: tratamento inovador na depressão resistente

publicado em 28 Dez. 2023

O que é a Escetamina?

A Escetamina é um medicamento antidepressivo inovador utilizado no tratamento de adultos com Depressão Major Resistente ao Tratamento.

Para quem se destina a Escetamina?

A Escetamina apresenta um indicação clara no tratamento da Depressão Major Resistente ao Tratamento: apesar de um seguimento e terapêutica adequados, uma percentagem significativa de doentes evoluiu para formas resistentes ao tratamento, designando-se como Depressão Major Resistente ao Tratamento. A resistência ao tratamento é definida pela ausência de melhoras após dois tratamentos com antidepressivos, podendo ser da mesma classe de fármacos ou de diferentes, prescritos em doses adequadas, por um período adequado e com adesão por parte do doente. Estima-se que a prevalência global da Depressão Major ronde os 10-15%, sendo que mais de um terço dos doentes tratados evoluiu para Depressão Resistente ao Tratamento.

 

De igual forma, apresenta indicação em contexto de Urgência Psiquiátrica, em caso de episódios graves de depressão e ideação suicida marcada, uma vez que produz melhorias clínicas num período de tempo mais curto (uma a quatro semanas), que os antidepressivos orais (quatro a seis semanas).

Como se utiliza a Escetamina?

A Escetamina está disponível na forma de um dispositivo de pulverização nasal, sendo utilizada pelo doente em meio hospitalar, sob supervisão de um profissional de saúde. A dispensa do medicamento é exclusivamente através de farmácia hospitalar. As doses de tratamento podem variar entre 1, 2 ou 3 dispositivos, dependendo da idade e quadro clínico do doente.

 

O tratamento consiste de uma fase de indução – 2 sessões por semana durante 4 semanas; e de uma fase de manutenção – 1 sessão por semana durante as próximas 4 semanas, e, em seguida, 1 sessão a cada 1 ou 2 semanas durante 6 meses ou de acordo com a clínica e indicação psiquiátrica.

Como funciona a Escetamina?

A Escetamina é um antidepressivo que atua sobre os recetores NMDA, promovendo a libertação de Glutamato, regulando a transmissão de sinais entre células em área cerebrais envolvidas na regulação do humor. Apresenta, pois, um mecanismo de ação totalmente diferente dos antidepressivos atuais.

Quais os benefícios demonstrados?

Os estudos realizados em cerca de 1800 doentes, e que levaram à aprovação do fármaco, demonstraram que a Escetamina administrada com um antidepressivo oral, alivia os sintomas de depressão resistente ao tratamento, medidos através de um sistema pontuação padrão conhecido como MADRS (uma escala de Depressão). Os resultados dos estudos realizados mostraram de forma convincente que, de um modo geral, a Escetamina foi mais eficaz que placebo, a curto prazo, e mantendo os seus benefícios a longo prazo.

Quais os riscos da Escetamina?

Os efeitos secundários mais frequentes são tonturas, náuseas, dissociação (sensação de desconexão com o meio físico e as emoções), sonolência, vertigem, alterações do paladar e da sensibilidade periférica. Estes efeitos são limitados ao tempo da sessão (entre 1.5h e 2h). Um efeito comum é a elevação da tensão arterial durante a sessão, sendo igualmente limitada, mas que justifica a avaliação periódica pelo profissional de saúde.

Qual a regulamentação da Escetamina?

Para além da sua aprovação nos Estados Unidos da América, a Escetamina foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) em 2019, sendo largamente utilizada em toda a Europa. Trata-se, pois, de um fármaco aprovado, com um protocolo bem definido, com resultados e segurança assegurados, com uma indicação clara no tratamento da Depressão Resistente ao Tratamento, e no tratamento agudo de curta duração para redução rápida dos sintomas depressivos.

Qual a nossa experiência?

Iniciamos os tratamentos com Escetamina desde a sua comercialização em Portugal, em março de 2022. Temos toda a logística e equipa disponível para os tratamentos, bem como os conhecimentos e experiência acumulada pelas dezenas de doentes que já realizaram este tratamento inovador. A nossa experiência com este novo fármaco é, de uma maneira geral, extremamente positiva, tal como comprovam os resultados que temos vindo a divulgar em sessões clínicas e congressos de especialidade.

 

O recurso à Escetamina já é para nós uma realidade diária na nossa prática clínica hospitalar no tratamento da Depressão, confirmando-se, aos nossos olhos, como uma ferramenta revolucionadora desse mesmo tratamento.