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Nunca desistir do doente na reabilitação após-AVC

publicado em 29 Out. 2020

Tentar evitar o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é prioritário, mas é também absolutamente proibido desistir de um doente com sequelas de AVC.

 

O AVC acontece quando o aporte de sangue para o cérebro é interrompido ou drasticamente reduzido, pode ser isquémico, por aperto de uma artéria que transporta sangue para o cérebro, ou hemorrágico, por rotura da parede arterial.

 

A prevenção do AVC passa pelo controlo de fatores de risco como a hipertensão arterial, a diabetes, o colesterol elevado, o tabagismo, o abuso do álcool, a dieta inadequada e o sedentarismo.

 

A 29 de outubro celebra-se o Dia Mundial do AVC, uma data que tem como principal objetivo alertar para os sintomas de AVC e os procedimentos a adotar. Assim, suspeitamos de um AVC quando:

 

  • Surge assimetria da face
  • Falta de força numa perna e/ou braço
  • Alterações na fala
  • Alterações visuais e uma dor de cabeça forte (descrita como diferente do habitual).

 

Após um AVC, mais de 2/3 dos doentes apresentam sequelas (motoras, da fala/ linguagem e cognitivas, entre outras). O objetivo da reabilitação é o retorno à vida normal, com o menor grau de dependência possível. As primeiras perguntas que nos fazem são: “Vai haver recuperação? É possível voltar a andar? É possível voltar a usar o braço?” A resposta é complexa e depende em grande parte da idade, da avaliação inicial, da localização e do tamanho da lesão cerebral e das doenças preexistentes.

 

Após o AVC isquémico, os primeiros 6 meses serão a fase em que a recuperação é mais significativa. A presença precoce de mobilidade do membro superior associa-se a um melhor prognóstico. Se for possível manter o equilíbrio durante 30 segundos e se houver contração muscular do membro inferior às 72 horas, a probabilidade de marcha independente aos 6 meses é elevada.

 

Depois de estabilizado, o doente é avaliado e o programa de reabilitação iniciado. São trabalhadas as transferências (por exemplo, passar da cadeira de rodas para a cama), o equilíbrio, a capacidade de marcha e a tolerância ao esforço. As tarefas do dia a dia são estimuladas. As perturbações da fala e linguagem e da deglutição são alvo de intervenção. Progressivamente, pode instalar-se a espasticidade, que limita o movimento. Esta pode ser tratada com terapia física, medicação, injeção de músculos específicos (habitualmente com toxina botulínica) e, eventualmente, cirurgia.

 

A dor é comum no ombro, mas também na região lombar e no membro inferior parético, e deve ser tratada. A alteração do padrão de marcha é uma das principais limitações. Pode usar-se o treino em treadmill (“tapete”) com ou sem arnês, a repetição de tarefas como o sentar/levantar, a transferência de peso e o treino de marcha livre.

 

A perda de função do braço é muito perturbadora. Para além das técnicas habitualmente usadas, o braço robótico e o recurso à realidade virtual têm vindo a ser aperfeiçoados. Existe também uma variedade de ajudas técnicas, que podem ajudar o doente a caminhar e a executar as tarefas do seu dia a dia, com maior facilidade e independência.

 

No Trofa Saúde existe uma equipa de profissionais habilitados para o diagnóstico, tratamento, acompanhamento e orientação de doentes com sequelas desta situação clínica, tantas vezes altamente incapacitante.