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Reabilitação após COVID-19

publicado em 10 Fev. 2021

A COVID-19 (Coronavirus Disease 2019), causada pelo SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2), consiste em uma patologia respiratória reportada à Organização Mundial de Saúde (OMS), pela primeira vez, em 31 de dezembro de 2019, e classificada como pandemia pela entidade em 11 de março de 2020.

 

Os sintomas principais da doença correspondem aos do foro respiratório: febre, tosse, dispneia (sensação de falta de ar) e/ou anosmia (alterações do olfato). No entanto, o espetro das manifestações desta doença varia desde quadros assintomáticos até quadros de doença mais severos, que requerem, em alguns casos, internamento em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

 

Sabe-se que o atingimento pulmonar na COVID-19 pode originar, como sequela, fibrose pulmonar, que leva a queixas como pouca tolerância à atividade física (descondicionamento ao esforço), dispneia e fadiga. Além disto, verificou-se que, apesar de primariamente respiratória, a doença leva também a sequelas noutros aparelhos e sistemas do corpo como o cardiovascular (miocardite).

 

Nos casos de doença mais severa, particularmente nos que necessitam de internamento em UCI, associa-se o aparecimento da Síndrome Pós-internamento em Cuidados Intensivos (SPICI), consequência de longos períodos de repouso no leito, suporte ventilatório invasivo e uso de certas medicações. Assim, podem surgir problemas como atrofia muscular generalizada, fadiga, redução da mobilidade articular, descondicionamento físico, perturbações respiratórias, neurológicas, alterações cognitivas, comportamentais, da deglutição e da fonação, etc.

 

Tal cenário implica uma intervenção interdisciplinar de reabilitação (médico, fisioterapeuta, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, entre outros) com o objetivo de tratamento das sequelas e de melhorar a capacidade funcional e qualidade de vida destes doentes. Assim, é desenhado um plano de reabilitação individualizado e adaptado a cada doente, que inclui três aspetos básicos:

 

  • O exercício de resistência, que melhora a tolerância à atividade e melhora o condicionamento físico em geral;
  • O exercício de fortalecimento muscular, visando aumentar a força muscular;
  • Técnicas de cinesioterapia respiratória, que melhoram a força dos músculos respiratórios, assim como melhoria do padrão ventilatório e capacidade respiratória.

 

Adicionalmente, segundo as necessidades de cada doente em particular, pode-se adicionar tratamentos com agentes físicos para controlo da dor residual, melhorar a voz e deglutição quando afetadas, entre outras. A educação do doente também é parte fundamental do plano de reabilitação pós-COVID-19, nomeadamente a entrega de folhetos/meios multimédia informativos sobre a doença e com programas de exercício para os doentes com sequelas leves realizarem em casa. Doentes cuja avaliação clínica assim o indique deverão realizar o exercício monitorizado e em Serviço de Reabilitação.

 

Referências:

  1. Beeching NFT, Fowler R: Coronavirus disease 2019 (COVID-19). BMJ Best Practices 2020.
  2. Cascella M, Rajnik M, Cuomo A, et al: Features, evaluation and treatment coronavirus (COVID-19). StatPearls [Internet]: StatPearls Publishing, 2020
  3. Simpson R.,Robinson L: Rehabilitation after critical illness in people with COVID-19 infection. Am J Phys Med Rehabil 2020
  4. Spruit M, Hollandd A, Singh S, Tonia T, Wilson K, TRoosters T: Interim Guidance on Regabilitatioon in the Hospital and Post Hospital Phase from a European Respiratory Society and American Thoracic Society Coordinated International Task Force. Europ Respir J 2020
  5. Carda S, Invernizzi M, Bensmail D, Bianchi F, Draulan N, Esquenazi A, Gross R, Jacinto LJ et al: The role of physical and rehabilitation medicine in the COVID-19 pandemic: the clinicians view. Ann Phys Rehabil Med. 2020