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Sobre a depressão e o desejo de matar a dor

publicado em 25 Fev. 2022

A dor emocional não é visível nem palpável, não deita sangue, nem é vista por um raio-X. Muitos de nós adiamos o pedido de ajuda porque acreditamos que “vai passar”. Este adiar de enfrentar a dor acontece muitas vezes por falta de apoio, dinheiro ou simplesmente por vergonha de assumir o que tanto nos assola. Até podemos, um certo dia, em crise, tentar marcar uma consulta no psiquiatra ou psicólogo, mas se não houver vaga para aquela semana, pensamos em desistir. Tem de ser hoje, amanhã, já devo estar melhor, assim achamos.

 

Sobre a depressão: é uma doença.

Não escolhe sexo, idade ou nível socioeconómico. Não é fraqueza ou vergonha. É real. Ninguém tem culpa. Dói muito, tanto que por vezes nem sentimos dor nem sentimos nada – tornamo-nos ocos. O ter “tudo” – uma casa, uma família e trabalho – não nos tira a tristeza, e somos incompreendidos. Simples comentários poderão ser demasiado perigosos, atingem-nos como flechas certeiras, dolorosas, por vezes mortais.

 

Chegou a hora de prestar atenção aos sinais e não esperar por uma tragédia. O abatimento, a falta de motivação, a apatia e a indiferença são os principais sinais desta doença. Depois temos outros, mais visíveis como o olhar triste, o choro fácil e a irritabilidade (muitas vezes vista como má educação, mas não o é, simplesmente as crianças e os jovens emitem sinais diferentes dos adultos). Outros sinais como o descuido da higiene pessoal, o uso de pijama durante o dia, a falta de apetite, ou, pelo contrário o aumento de apetite, a chamada “fome emocional”, as dores no corpo sem causa orgânica que as justifiquem, as alterações no brincar, o abandono de atividades desportivas, as alterações das notas escolares, as dificuldades em dormir e a palidez, são outros tantos indicadores de nos indicam que algo não está bem.

Como atuar? Como ajudar?

Levar a sério! Compreender o sofrimento do outro sem NUNCA o desvalorizar. Verbalizar sentimentos de amor. Encorajar à realização de atividades que anteriormente davam prazer. Trazer atividades novas. Não pressionar a falar. Dizer: “Compreendo como te sentes. Posso ajudar-te” e oferecer alternativas.

 

A depressão e o suicídio são amigos íntimos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 000 pessoas morrem por suicídio por ano. O suicídio é a principal causa de morte entre os 15 e os 29 anos. O suicídio corresponde a cerca de metade das mortes violentas entre os 15 e os 24 anos, em todo o mundo. A cada 40 segundos uma pessoa comete o suicídio no mundo. Portanto, trata-se de uma pandemia, também.

 

Quem comete um ato suicidário ou para suicidário (como automutilações, por exemplo), tem o desejo de exterminar a dor e não a vida. Ninguém morre sozinho, em relação a esta tragédia. Não são apenas os bombeiros e os médicos que podem salvar vidas. Todos nós podemos ter um papel ativo. Vamos todos lutar por uma saúde psicológica global. Um psicólogo ou um psiquiatra podem ajudar.

Contactos a reter:

– Consultas programadas de Psicologia e Psiquiatria: 252 090 600
– Urgência de Psiquiatria: 252 097 750

 

Nas unidades hospitalares Trofa Saúde encontra uma equipa de Psicólogos e Psiquiatras disponíveis em horário alargado e no Hospital de Neurociências Trofa Saúde (localizado no Trofa Saúde Hospital Central), encontra um serviço de atendimento urgente e de internamento de Psiquiatria que dá resposta a todas as situações de carácter não programado para um apoio integral.