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Um espaço relevante de reflexão, partilha e atualização científica | II Congresso de Medicina Geral e Familiar Trofa Saúde

publicado em 31 Jul. 2025

O II Congresso de Medicina Geral e Familiar do Trofa Saúde encerrou com um balanço muito positivo, nas palavras da Dr.ª Cristiana Santos, diretora de produção de Medicina Geral e Familiar da rede Trofa Saúde, que destacou a importância da tecnologia e da humanização dos cuidados como pilares complementares.

 

Para Dr. Jorge Hernâni-Eusébio, membro da comissão científica, as sessões sobre Big Data e Medicina na Era Digital foram momentos-chave para capacitar os médicos de família perante os desafios tecnológicos atuais.

 

Já o Prof. Doutor Paulo Santos, presidente do congresso, sublinhou que esta segunda edição se afirmou como um espaço de reflexão e atualização científica, apontando caminhos para uma Medicina mais integrada, a nível digital e, acima de tudo, centrada nas pessoas.

Agora que o Congresso chegou ao fim, qual é o balanço que faz destes três dias intensos de partilha e reflexão?

Dr.ª Cristiana Santos | O balanço destes três dias de Congresso é extremamente positivo. Tivemos a oportunidade de debater, de forma intensa e enriquecedora, o impacto da tecnologia na prática clínica, com especial destaque para a digitalização dos Cuidados de Saúde. Discutimos a forma como ferramentas como o Big Data e a inteligência artificial estão a transformar a tomada de decisões médicas, tornando-as mais informadas, seguras e personalizadas.

 

Mas, acima de tudo, reforçámos aquilo que consideramos essencial: o foco no doente. Apesar dos avanços tecnológicos, ficou claro que a humanização dos cuidados continua a ser um pilar inegociável da nossa prática.

 

Adotámos uma abordagem multidisciplinar, com contributos valiosos de várias especialidades — da Oncologia à Cardiologia, passando pela Urologia — o que enriqueceu ainda mais a reflexão sobre os desafios da Medicina atual.

 

Tivemos, também, momentos de formação prática muito relevantes, com workshops sobre temas como a gestão financeira dos médicos e a apresentação de trabalhos científicos, que contribuíram para o desenvolvimento profissional e pessoal dos participantes.

 

No fundo, este congresso consolidou-se como um espaço de excelência para partilha de conhecimento, reflexão crítica e construção de uma medicina mais integrada, eficiente e centrada na pessoa.

O que destacaria como principais conquistas desta segunda edição, em termos de organização e impacto junto dos profissionais de saúde que participaram?

Dr.ª Cristiana Santos | A segunda edição do Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar destacou-se por várias conquistas significativas, tanto a nível organizativo como no impacto junto dos profissionais de saúde. Tivemos um programa diversificado e cientificamente relevante, com sessões temáticas que abordaram desde a inovação clínica até à saúde sexual e emocional — áreas muitas vezes menos exploradas, mas fundamentais para uma abordagem verdadeiramente holística.

 

A logística foi outro ponto forte: espaços bem preparados, cumprimento rigoroso dos horários e uma equipa de apoio dedicada, que garantiu uma experiência fluida e acolhedora para todos os participantes. Criou-se um ambiente de proximidade e partilha, que fomentou o networking entre colegas de diferentes unidades e especialidades.

 

Destaco ainda a valorização do papel do Médico de Família, com sessões que reforçaram a sua centralidade nos cuidados de saúde e a importância da relação de continuidade com o utente. Esta edição consolidou o congresso como um espaço de referência para a formação contínua e para a construção de uma medicina mais integrada, eficiente e centrada na pessoa.

Em que medida o Congresso ajudou a reforçar a identidade e missão da rede Trofa Saúde na área da Medicina Geral e Familiar?

Dr.ª Cristiana Santos | O II Congresso Trofa Saúde de Medicina Geral e Familiar foi fundamental para reforçar a identidade e a missão da rede Trofa Saúde nesta área estratégica dos Cuidados de Saúde Primários. Através de um programa cientificamente sólido e de grande atualidade, conseguimos não só afirmar o nosso compromisso com uma Medicina de proximidade, centrada no doente, como também destacar a importância da inovação e da humanização como pilares complementares.

 

O Congresso deu visibilidade ao nosso modelo de Médico de Família Trofa Saúde por escolha, que reforça a continuidade e a confiança na relação clínica, aspetos que consideramos essenciais na nossa abordagem assistencial. Por outro lado, a partilha de experiências entre profissionais de diferentes unidades e especialidades permitiu consolidar uma cultura de aprendizagem contínua e de melhoria da qualidade.

 

Foi, sem dúvida, uma oportunidade para afirmar que na rede Trofa Saúde a Medicina Geral e Familiar é tratada com a seriedade, o investimento e a visão estratégica que merece.

Enquanto membro da comissão científica, que sessões ou momentos considera terem sido mais marcantes ou inovadores?

JHE | Cada sessão contribuiu significativamente para a excelência do Congresso, mas, pessoalmente, as sessões sobre Medicina na Era Digital e Big Data destacaram-se pela forma como abordaram questões com um grande impacto na prática clínica diária. A discussão recorrente sobre como a tecnologia e a inteligência artificial estão a moldar o futuro da Medicina Geral e Familiar foram especialmente relevantes, assim como a exploração dos desafios que trazem aos sistemas de saúde como um todo.

As sessões sobre “Medicina na Era Digital” e “Big Data” cumpriram as expectativas? Houve alguma conclusão surpreendente ou mudança de perspetiva que tenha surgido dessas discussões?

JHE | As sessões sobre Medicina na Era Digital e Big Data não cumpriram apenas as expectativas – suplantaram-nas. A profundidade das discussões revelaram a importância de todos os stakeholders no ecossistema de Saúde Digital. Os empreendedores em saúde, em particular, desempenham um papel fundamental ao trazer soluções inovadoras e tecnológicas que facilitam a integração de sistemas e a melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

 

A evidência do mundo real emergiu como chave para a transformação da prática clínica diária. Falar de Big Data no contexto de saúde não é um tema abstrato, mas uma necessidade concreta para prever riscos e personalizar cuidados. O futuro da inovação em saúde passa por integrar dados de maneira eficaz para melhorar a prestação de cuidados, e isso foi amplamente discutido.

Na sua visão, e em rescaldo do evento, de que forma este Congresso contribuiu para capacitar os médicos de família em relação aos desafios digitais que enfrentam hoje?

JHE | Este Congresso procurou capacitar os médicos de família para que estes lidem com os desafios digitais que enfrentam hoje e enfrentarão no futuro. É mandatório que os médicos de família não fiquem indiferentes à mudança, pois isso pode deixar-nos irremediavelmente para trás. O evento destacou a importância de estar preparado para o futuro, com um enfoque claro na prevenção e personalização através das tecnologias emergentes.

 

Em última análise, o Congresso proporcionou aos participantes não apenas um entendimento das ferramentas digitais disponíveis, mas também uma motivação renovada para integrar essas soluções na prática clínica, garantindo que os médicos de família se mantenham na vanguarda da evolução digital na saúde.

Que ideias-chave espera que os participantes levem consigo para aplicar na prática clínica?

JHE | Uma das principais ideias chave que espero que os participantes levem consigo é que a tecnologia pode e deve estar presente como aliada no dia-a-dia da Medicina Geral e Familiar.

 

A integração de ferramentas digitais na prática clínica não é uma escolha, mas uma necessidade para melhorar a qualidade, eficiência e proximidade dos cuidados. Pede-se a cada profissional uma mentalidade disposta a abraçar a possibilidade das mudanças tecnológicas, de um ponto de vista crítico e ético, com foco na pessoa e na melhoria da saúde de todos. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas precisa de ser usada de forma inteligente e integrada, de modo a realmente fazer a diferença na prática clínica.

Qual o balanço que faz desta segunda edição do Congresso? Cumpriu os objetivos traçados?

Prof. Doutor Paulo Santos (PS) | O balanço é francamente positivo. Esta segunda edição consolidou o Congresso de Medicina Geral e Familiar da rede Saúde como um espaço relevante de reflexão, partilha e atualização científica. Cumprimos os objetivos traçados: criar um momento de encontro da especialidade que não se limite à transmissão de conhecimento, mas que questione, inspire e aponte caminhos.

 

Foi um Congresso que articulou, de forma muito equilibrada, a atualização clínica com uma visão de futuro, abrindo espaço à transformação digital e à discussão do papel do médico de família num sistema de saúde em profunda mudança.

Quais os principais momentos e ideias-chave que gostaria de destacar do evento?

Prof. Doutor Paulo Santos (PS) | Destaco a forma como os temas foram abordados com profundidade e transversalidade. Falámos de doenças, naturalmente, mas acima de tudo falámos de pessoas, de percursos de vida, de integração de cuidados, de tecnologias ao serviço da relação clínica.

 

A reflexão sobre os grandes volumes de dados, a inteligência artificial, a reorganização dos cuidados e os desafios éticos que se colocam aos clínicos nesta nova realidade foram particularmente marcantes. O debate foi vivo, participado e, acima de tudo, centrado num valor comum: fazer melhor por quem cuidamos.

Que mensagem final gostariam de deixar aos colegas que participaram, sobretudo às camadas mais jovens presentes?

Prof. Doutor Paulo Santos (PS) | A mensagem é clara: a Medicina Geral e Familiar tem um futuro promissor, desde que sejamos capazes de o construir com coragem, conhecimento e identidade. Aos colegas mais jovens, diria que este é o momento certo para afirmarmos uma nova forma de estar na especialidade: mais tecnológica, mas nunca menos humana. O futuro da Medicina não será apenas digital. Será sempre relacional, contextual, próximo.

 

E é isso que distingue a nossa especialidade, independentemente do contexto em que exercemos: público, privado ou social. Estar tão perto das pessoas que até nos chamam “médico de família”, integrando-nos no seu círculo mais íntimo. Este congresso mostrou que temos voz, visão e capacidade de liderança. Que saibamos usá-las.

Que impacto espera que este congresso tenha na prática clínica dos que participaram?

Prof. Doutor Paulo Santos (PS) | Espero, acima de tudo, que tenha despertado reflexão. Que cada participante regresse ao seu contexto com novas ideias, novas abordagens, talvez novos instrumentos, mas sobretudo com motivação renovada. A prática clínica transforma-se quando mudamos o olhar: ao integrar novas ferramentas, ao colaborar com outros profissionais, ao perceber que a inovação não está apenas nos grandes avanços tecnológicos, mas também nos pequenos gestos de melhoria contínua.

 

E que fique uma ideia essencial: a Medicina Geral e Familiar não é um ponto de passagem, nem um apêndice dos sistemas. É o lugar onde tudo começa e onde tudo deve ser integrado. Foi essa visão que procurámos afirmar neste congresso. E é essa missão que continuaremos a desenvolver, dentro e fora das instituições, com responsabilidade e ambição. Porque é assim que fazemos. E, sobretudo, é assim que tem de ser feito.

Entrevista in O Jornal dos Médicos 25/7/25