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A Neurocirurgia

publicado em 12 Dez. 2016

O que é uma hérnia discal?

 

As vértebras da coluna vertebral são articuladas entre si, anteriormente, por pequenas “almofadas”. Estas estruturas são os discos intervertebrais. Permitem, para além do movimento harmónico de umas vértebras sobre as outras, o amortecimento das cargas a que continuamente submetemos a coluna.

 

Os discos intervertebrais são constituídos fundamentalmente por dois elementos. Um anel fibroso, externamente, circundando uma matriz central, o núcleo pulposo, de consistência elástica.

 

A doença dos discos intervertebrais pode acontecer de uma forma indolente ao longo da vida, percorrendo todas as fases do que chamamos a doença discal degenerativa. Resulta do somatório de todas as agressões a que vamos submetendo a nossa coluna ao longo da vida. Pode ser acelerada por múltiplos fatores. Fatores genéticos, constitucionais, profissionais e pessoais inerentes ao estilo de vida de cada indivíduo.

 

Este processo de degeneração lenta pode, em qualquer altura, ser acelerada por um qualquer evento traumático agudo. Nestes casos o aparecimento de uma hérnia discal pode suceder de forma abrupta. Mas o que é então uma hérnia discal?

 

Por definição a hérnia implica que haja uma rutura na porção externa do disco intervertebral, o anel fibroso, que permite que o núcleo pulposo se insinue através dela, conduzindo a um abaulamento do disco que pode ser maior ou menor e ter, deste modo, implicações clínicas mais ou menos relevantes.

 

Que sintomas podem ser sinal de hérnia discal?

 

Todas as pessoas associam hérnia discal a dor ciática. Gostava de sublinhar que nem hérnia discal implica dor ciática nem dor ciática é sinónimo de hérnia discal.

 

Os sintomas de uma hérnia discal podem ser muito diversos. Se a dor axial, cervical, dorsal ou lombar, é quase universal em todos os doentes com patologia degenerativa discal, o aparecimento de sintomas de dor radicular e/ou plurirradicular só acontece quando a hérnia discal tem uma dimensão suficiente grande para comprimir as estruturas nervosas ou quando, não sendo grande, compete pelo mesmo espaço em áreas pequenas, os foramen intervertebrais (buraco por onde emergem lateralmente entre cada duas vértebras as raízes nervosas, uma direita e uma esquerda em cada nível). Tal acontece nas hérnias que chamamos de hérnias discais foraminais e extra-foraminais.

 

Como se trata uma hérnia discal?

 

Existe uma grande diversidade de técnicas disponíveis para abordar a doença discal degenerativa e a hérnia discal. Desde as menos invasivas, percutâneas, que se realizam quase todas com anestesia local e sem aberturas na pele, e que incluem a ozonoterapia, a radiofrequência intradiscal, a nucleolise percutânea, a colocação de próteses de núcleo; passando pelas cirurgias minimamente invasivas como a microdiscectomia endoscópica ou microscópica, realizadas através de pequenas incisões mas já realizadas sob anestesia geral; e, finalmente as cirurgias de artrodeses segmentares, podendo estas ser realizadas de forma minimamente invasiva ou através de cirurgia clássica.

 

A seleção da opção mais adequada é fundamental para se obter um bom resultado e a mesma depende de inúmeros fatores.

 

Fatores como a idade, a existência de patologias concomitantes que limitem o leque de opções, o peso/índice da massa corporal, a profissão, os hábitos desportivos, o perfil psicológico são determinantes na escolha do cirurgião. As características intrínsecas da própria hérnia, a sua dimensão, a sua exata localização, o facto de apresentar ou não fragmentos herniários migrados, são também condicionantes da decisão.