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Cancro da cabeça e pescoço

publicado em 22 Jul. 2019

O cancro da cabeça e pescoço, refere-se a qualquer tipo de cancro que pode ser encontrado na região da cabeça e pescoço, com exceção dos olhos, cérebro, esófago e orelha. Estes tumores malignos apresentam uma incidência mundial de cerca de 650.000 casos por ano, tornando-o o quinto tumor maligno mais comum. De acordo com o local anatómico, os tumores podem ser classificados como da cavidade oral, faringe, laringe, fossas nasais e seios perinasais e glândulas salivares. O tipo histológico mais frequente é o carcinoma epidermóide, que é responsável por 90% dos casos.

 

Apesar da crescente prevalência e da sua gravidade, existe pouca sensibilização e divulgação social sobre os cancros de cabeça e pescoço, o que torna este, um dos tipos de tumores com maior morbilidade e pior taxa de sobrevivência. Atualmente, cerca de 60% dos doentes são detetados já num estádio avançado da doença e destes cerca de 50% morrem num período de 5 anos. Além da elevada mortalidade, as modalidades terapêuticas estão associadas a impacto negativo na qualidade de vida, influenciando de forma significativa o aspeto físico e as funções básicas, como respiração, deglutição e a fala. No entanto, quando diagnosticados precocemente a taxa de sobrevivência é bastante superior, rondando os 80 a 90%.

 

Neste sentido, um reconhecimento precoce dos sintomas e a identificação dos fatores de risco para esta doença adquirem particular relevância. O consumo de álcool e de tabaco, isoladamente ou em associação são dos fatores de risco principais, sobretudo quando estes tumores se encontram localizados na boca, faringe e laringe. A infeção pelo vírus do HPV e má higiene oral são considerados, atualmente, outros fatores de risco importante, especialmente, para os cancros da orofaringe e cavidade oral, respetivamente. Outros fatores de risco como a exposição a pó da madeira, produtos utilizados na curtimenta do cabedal são conhecidos fatores de risco para tumores do nariz e seios perinasais, enquanto o vírus Epstein-Barr está associado a tumores da nasofaringe.

 

As manifestações clínicas da doença variam conforme o local de origem do tumor e podem caracterizar-se por: úlceras da mucosa oral ou da língua, dificuldade ou dor na deglutição (dor de garganta), rouquidão persistente, tosse crónica, obstrução nasal ou sangramento de uma das fossas nasais e nódulo no pescoço. Atualmente, defende-se o conceito de “1 sintoma durante 3 semanas”, no qual a presença de qualquer destes sintomas por um período igual ou superior a 3 semanas deverá levar o doente a ser observado por especialista de cabeça e pescoço, sobretudo se apresentar um dos fatores de risco previamente descritos.

 

A avaliação médica envolve um exame físico exaustivo da cabeça e pescoço, podendo ser auxiliado por diferentes exames complementares com a nasofaringolaringoscopia (introdução de sonda para observação do nariz, faringe e laringe), exames de imagem como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética ou tomografia por emissão de positrões (PET) e ainda a realização de biopsia de acordo com a localização da lesão. Após a avaliação e o diagnóstico de cancro, é realizado o estadiamento da doença, que consiste na determinação da extensão da doença no doente. Esta fase é importante, pois permite à equipa médica determinar com maior precisão o plano de tratamento para o doente.

 

O tratamento destes tumores é complexo e depende de múltiplos fatores como a localização, o estadiamento, a idade e a condição geral de saúde do doente. Por este motivo, estes doentes requerem uma abordagem multidisciplinar, incluindo várias especialidades médicas como otorrinolaringolistas, oncologistas, radioterapeutas, estomatologistas e vários terapeutas da área de reabilitação.

 

O diagnóstico de cancro, e em especial da cabeça e pescoço, desencadeia mudanças significativas na vida dos doentes e nas suas famílias, pelo que um diagnóstico precoce e o posterior acompanhamento próximo e apoio dos doentes são importantes, de forma a minimizar o impacto desta doença.