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Estou em processo de Luto… E agora?

publicado em 08 Fev. 2023

A fase inicial do Luto é caracterizada por um intenso sofrimento emocional, alterações das funções cognitivas (atenção, concentração, memória), sintomas físicos e alterações do sono e apetite.

O que é o Luto?

O luto é um processo de aprendizagem que cada pessoa tem vivência após uma perda significativa, seja de um ente querido, de um animal de estimação, da sua saúde, de uma relação ou mesmo de um emprego. O mundo e a vida que existiam antes da perda mudam radicalmente e, como tal, o indivíduo sente-se inicialmente perdido. Assim, esta aprendizagem implica a aceitação da perda, a integração do sofrimento e a adaptação à nova realidade, com reconstrução da identidade individual, dos seus papéis e das rotinas da vida diária.

O processo de luto tem sempre uma evolução positiva?

A fase inicial do Luto é caracterizada por um intenso sofrimento emocional, alterações das funções cognitivas (atenção, concentração, memória), sintomas físicos e alterações do sono e apetite. Ao longo do tempo, um indivíduo saudável que esteja rodeado por um contexto sócio-familiar favorável, vai notando uma diminuição deste sofrimento, maior capacidade de retomar a sua rotina habitual e aborda a perda predominantemente com nostalgia e saudade. Contudo, até 3 em cada 10 pessoas em luto não apresentam esta integração da perda e desenvolvem um quadro de Luto Patológico.

O que é o Luto Patológico?

O Luto Patológico reveste-se de grande sofrimento, incapacidade de se relacionar com os outros, de trabalhar e de investir na sua vida ao longo de meses a anos, podendo nunca resolver. Associa-se também ao desenvolvimento de outras perturbações psiquiátricas (depressão, ansiedade, stress pós-traumático) e aumenta o risco de doenças físicas (hipertensão arterial, enfartes agudos do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, entre outras).

Devo procurar ajuda durante o processo de luto?

A sociedade atual, com as suas elevadas exigências e menores redes de apoio social, por vezes não configura um ambiente favorável para o doente viver e resolver o seu processo de luto. Especialmente no caso de morte repentina ou traumática de pessoas com quem o doente tinha uma relação muito próxima ou de perdas que não são valorizadas pelos outros (por exemplo, perda de gravidez na fase inicial), existe um risco elevado de o processo não seguir o trajeto desejado e se transformar num Luto Patológico. Para além das circunstâncias da perda, este risco também está aumentado em doentes que já têm história de doença psiquiátrica, nomeadamente depressão ou ansiedade. Assim, um acompanhamento inicial por Psicologia pode ser muito facilitador do processo, sendo aconselhável a avaliação por Psiquiatria caso ao final de um mês não se verifique melhoria no sofrimento e capacidade funcional.