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Tenho HPV e agora?

publicado em 04 Mar. 2025

Sentada no consultório, Joana não conseguia disfarçar o nervosismo. Enquanto a médica olhava para o computador, recordava o dia em que recebeu a carta do Rastreio do Cancro do Colo do Útero e soube que tinha HPV. Entre infinitas pesquisas na Internet e conversas com os pares, hoje Joana encontrava-se mais confusa e com mais receio do que há seis meses.  Quando a médica lhe perguntou se tinha alguma dúvida, Joana desenrolou um papel e colocou-o na secretária.

 

A folha apresentava as seguintes questões?

O que é o HPV?

O HPV é o Vírus do Papiloma Humano, existem mais de 200 subtipos, sendo classificados em baixo risco, e em alto risco. Os subtipos, de alto risco, 16 e 18 estão na origem de 70% dos casos de cancro do colo do útero.

Como se transmite o HPV?

A sua transmissão é sexual e estima-se que mais de 80% dos indivíduos sexualmente ativos são infetados, em algum momento da sua vida.

Que problemas causa?

Pode causar lesões a nível anogenital (colo do útero, vulva, vagina, ânus e pénis) e orofaringe – condilomas, lesões de alto e baixo grau e cancro invasor.

Ter infeção por HPV significa que vou ter um cancro?

A infeção por HPV é muito frequente, no entanto ter um teste HPV positivo não significa que exista lesão do colo do útero ou um cancro. A maioria das infeções por HPV são transitórias e assintomáticas.

O cancro do colo do útero é muito frequente?

Em Portugal, é o terceiro cancro mais comum entre mulheres com idades entre os 15 e 44 anos.

O HPV vai desaparecer?

Em mais de 85% dos casos o HPV vai negativar nos primeiros 2 anos.

Como posso prevenir a infeção?

A prevenção primária é feita pela vacinação em ambos os sexos antes do início da atividade sexual de preferência entre os 9-13 anos.

 

A prevenção secundária é feita pela realização do rastreio do cancro do colo do útero.

 

O preservativo no caso do HPV não dá uma proteção de 100%, mas permite uma proteção superior a 80%.

O que posso fazer para tratar o HPV?

Não existe tratamento com um antivírico, mas uma alimentação saudável, exercício físico, sessação tabágica, tratamento das infeções ginecológicas ajuda o nosso sistema imunitário a combater a infeção.

Atualmente existe medicação tópica em forma de gel, spray ou comprimido vaginal que melhora o microbioma vaginal, o ph vaginal e promove a re-epitelização do colo do útero ajudando à eliminação do HPV.

No final Joana já com a porta entreaberta, olhou para a médica e timidamente perguntou:

– Foi o meu parceiro que me infetou?

– Não sabemos.  Pode já ter a infeção há muito tempo e não saber. O HPV consegue estar inativo durantes vários anos e, entretanto, reativar. – respondeu a médica.

 

– E como vai ficar agora a nossa vida sexual? – perguntou a Joana

– Se tem uma relação fechada não tem de tomar precauções adicionais. O seu companheiro já contatou com o vírus e os homens raramente manifestam a doença.

 

É importante perceber que muitas mulheres vão esta infetadas, mas apenas em 10% dos casos a infeção vai persistir e apenas 1% das mulheres vão ter lesões de alto grau. Destes casos só 0.1% vai chegar a cancro invasor. A importância de vigiar mulheres com HPV está no fato do HPV estar presente em mais de 95% dos casos o cancro do colo do útero, mas a maioria das mulheres que tem HPV não vão ter nem Lesões de Alto Grau nem cancro.

 

Assim Joana saiu mais tranquila.